Série "Politicamente Incorreto"
Não sou nenhum Rubens Ewald da vida, crítico de cinema de quem devo de ter algum parentesco desconhecido e distante, visto o sobrenome de minha progenitora ser Ewald tal qual o dele, no entanto, como cinéfilo de carteirinha, não posso deixar de comentar esta série hilária: “Politicamente Incorreto” em que o Danilo Gentili interpreta um deputado de nome Atílio Pereira.
A parte os aspectos técnicos que de nada entendo, o que se destaca é que tem tudo a ver com as eleições que se aproximam e o momento político com propinas e que tais. Nem o Estadão consegue enfeixar tanta crítica numa só Opinião, mesmo com o seu característico linguajar, parodiando eles com o Dilmês: seu Estadês.
Enfim, no filme, a Policia Federal, numa operação nominada Gertrudes (!), arma uma arapuca para flagrar a recepção de propinas pelos deputados federais, com câmera escondida. Ai na fila aparecem diversos tipos característicos, inclusive um colocando maços de dinheiro nas calças numa referencia ao caso real daquele da cueca. Quando chega a vez do nosso herói, ele aparenta indignação com todo aquele dinheiro na mão e lança-o na mesa com tanta força que atinge até a câmara desligando-a.
Em consequência fica com a fama de ser o único deputado honesto, a rejeitar propina, saindo em toda a mídia. Alias, um político nato, pois literalmente nasceu no parlamento de parto normal, no ato livrando seu pai de aperto político. Destarte, é convidado pelo presidente de seu partido, o PDU, para se candidatar a presidente. Conforme este destacou “seu português é sofrível, sua aparência um desleixo, não tem competência e eu acho que o brasileiro tem tudo, mas tudo prá se identificar com você”. E ele dispara: ”Quando o esgoto estoura e vaza quem fica por cima?”
Para tanto lhe é designada uma consultora de imagem especialista em reverter situações em que só um milagre é pouco e cujo nome é Eduarda, Duda para os íntimos (sacou a semelhança).
Esta, dentre outras coisas, lhe proíbe de usar seus bordões, como a seguir:
- Quando o Atílio trabalha não tem falha.
- Com Atílio Pereira não tem bobeira.
- Com Atílio Pereira o jovem não bebe, não fuma, não cheira.
- Atílio Pereira é só alegria fazendo o que qualquer um faria
- Com Atílio Pereira a mulher só manda se for pra fazer besteira.
Ao que ele responde com mais uma:
- Com o Deputado Atílio Pereira não tem bordões pra não ter besteira.
Depois lhe mostra um vídeo de sua concorrente, a Ministra titular do Ministério da Auto Estima, Luma (referência a de Oliveira) de Albuquerque, que em programa da TV, solta essa: ”No nosso governo cada ser humano é uma estrela, por isso criamos o Bolsa Elogio, um programa que beneficiou mais de 10 milhões de brasileiros abaixo da linha da beleza”. E ela tem 20% de votos espontâneos!
O mais interessante é sua aparição no programa “Roda Viva” que nem sei se existe mais, mas era apresentado pela TV Cultura de SP. Suas respostas de tão impressionantes, impressionam (olha a redundância ai). No final a apresentadora encerra: “Este foi o Deputado Atílio medíocre porem honesto Pereira”.
Um show a parte, os seus assessores são engraçadíssimos, cada um melhor que o outro.
E tem mais, no meio de toda confusão, nas sessões legislativas, fica dormindo a sono solto e é despertado com chamamentos incessantes pelo presidente da mesa, até gritando seu nome, exigindo seu voto na matéria em votação. Este, no susto grita “Sim” e o Presidente solta uma como esta aqui, dizendo:
- Com o voto do Atílio fica aprovado que é proibida a venda de fuzis dentro de presídios no Brasil!
Ou esta:
- Com o voto do Atílio fica a geografia abolida do currículo escolar sendo substituída por um Xerox do globo terrestre.
Mas o pior de tudo vem no final quase nos créditos, mas não vou dizer nada senão perde a graça. Portanto preste muita atenção que é bastante esclarecedor!
Nota final: veja bem, aos chatos de plantão esclareço que este texto não se trata de plágio não, todos os méritos são do seriado ou de quem o produziu e encontra-se em exibição no canal FX, estreou no dia 15 de setembro. Porém, tem dois vídeos curtos no Youtube.
Em tempo, pesquisando um pouco mais no Google, sobre os aspectos teóricos cinematográficos, me deparei mais ou menos com o que segue:
“Os filmes realizados por James Whitney [...] para produção de música eletrônica, reúne ao mesmo tempo elementos comuns à arte sinestésica e à produção fílmica californiana –misticismo, imagens arquetípicas, referência a estados de iluminação e estados de consciência diferentes provocados pelo uso... “ De um tal de Sergio Rocclaw Basbaum.
Deixo de apresentar o parágrafo completo para poupar o leitor. Mas olha só o titulo do livro: “Sinestesia, arte e tecnologia. Fundamentos da cromossonia” (esta última, nem o Word manjou seus fundamentos).
Fiquei mesmo embasbacado, anestesiado em estado de inconsciência provocado pelo uso de tais termos místicos e típicos dos iluminados, seja lá quem for, por aquelas imagens arque culturais.
Sê besta sô, que que é isto..serei assim tão arque ignóbil? Terei que acudir com alguém da Academia Brasileira de Letras? Definitivamente tô fora deste negócio.... E o Google ainda quer vender o tal livro...
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