Reflexão fúnebre

Não importa o status quo

Morto, finado, cadáver, defunto

Se vai pra cidade dos pés separados

dos pés juntos

Se já era ou deixou de ser

Se bateu as botas ou esticou as canelas

Se passou dessa ou daquela pra melhor ou pra pior

Findou a trajetória!

Queira ou não queira é hora

do eterno descansar

O esquife almofadado faz jus ao bem alinhado, paramentado, ex - cidadão

São brancas, todas as flores

Procurando não destoar

Imprescindível combinar

Com a branca cor do distinto

Já extinto, por azar

O que falar, desse coitado, que alternativa não tem?

É agonia demais, pra um defuntinho só. Tem dó!

E como fica o forró?

A cervejinha gelada?

O samba?

A mulherada?

E outras cocitas mas

importantes, essenciais?

Será que lá faz

ou será que lá só jaz?

Que pavorosa situação

Ao público exibição

Depois, aos vermes

A deus-dará

Ao purgatório

Ao inferno

O que será que merecerá, Pai eterno?

Além de ir pro além

7 palmos de terra no macabro cemitério

Despautério

Desrespeito

Não tem jeito

Dão às costas e vão embora

Consumado o ato!

É hora da solidão, de fato!

RAPAZ

PENSANDO BEM

MORRER DEVE SER TAO CHATO!!

Zuca
Enviado por Zuca em 09/09/2005
Reeditado em 16/11/2021
Código do texto: T48898
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