Banana
– Olha a banannna! Olha a banana! Aproveita freguês! Tá saindo por sete real a dúzia. Olha a banana!
– Bonita a banana! Quanto custa mesmo?
– Sete real, cavalheiro!
– O Senhor quer dizer: sete reais?
– Sim Senhor. É tudo igual, pode escolher.
– Não amigo. Não é tudo igual. Um real é um real e dois reais são dois reais.
– É mais o dinheiro não muda, a banana continua a mesma e a vida segue em frente.
– Não concordo.
– Com o preço?
– Não com a falta de interesse em melhorar.
– O Senhor vai querer ou não a banana?
– Claro. Mas é meu papel cívico tentar orientá-lo no correto uso do português.
– Eu agradeço, mas minha prioridade agora é outra: defender o leite das crianças.
– Há! Então o Senhor tem filhos. Está aí uma ótima oportunidade para dar o bom exemplo.
– Os meninos estão na escola e lá aprendem as coisas certas.
– Então por que o Senhor não usa o plural se sabe a forma correta?
– Doutor. Se eu começar a falar reais ao invés de real os meus colegas vão me olhar com cara feia e até me expulsar desta feira.
– Não acredito! Vou levar as bananas com a condição de que o Senhor vai se esforçar. Depois de algum tempo eles todos vão te copiar.
– Tá bom doutor. Toma aqui o seu troco e bom dia.
– Bom dia!
– Olha a banana, olha a banana! Sete reais a dúzia! Eu disse sete reais. Aproveitem.
– Olá! Bom dia. Quanto está a banana?
– Sete reais minha senhora. Uma delícia.
– Nossa! Mais está muito caro.
– Tá não. Sabe como é a inflação tá subindo... e ainda tem o plural... parece que fica mais caro.
– Como? Não entendi?
– Nada não senhora! Faço por seis real.
– Pode embrulhar.