Olhei para ela e la para mim mais uma vez, pela última vez e parti, com o coração partido, mas o que fazer?
Ainda nos gostávamos, mas já não era nova, era de 1956, mesmo considerando que mantinha aquele brilho e as formas de quando nos juntamos. Estava decidido, ela ia pertencer a outro e eu partiria para outra, sem mágoas, só ficariam boas lembranças.
As nossas viagens a Friburgo. Quanta felicidade. Todo dia me aguardava na saída do trabalho, íamos juntos para casa. Saíamos para jantar, para o teatro. Ela, sempre excelente companhia, topava qualquer parada, sol, chuva. E aquele fim de semana em Búzios? Hotéis lotados, dormimos juntos na praia. Não sei se foi amor ou paixão, pouco importa. Como nos entendíamos... Reagia ao meu menor toque, se ligava de primeira. Tivemos, como todos, momentos tensos, embora poucos. Certa vez, deixei-a em casa para ir ao Maracanã, como ela não estava lá muito bem, saí sozinho. Ela parecia arriada. Porém, no dia seguinte, após alguns acertos, voltou a ser a de sempre.
Não sei se vou arranjar outra igual ou parecida (mais nova, é claro), principalmente em relação ao desempenho. Segurava-a com as duas mãos e ia fundo, num piscar de olhos ela já estava quase voando. Infelizmente, nos últimos anos começaram a surgir problemas com frequência. Agora ela estava bebendo demais. Ninguém é perfeito, tudo tem o seu preço. E por falar em preço, quando estará custando hoje uma BMW nova?