CACHORRO MORTO.
CACHORRO MORTO.
Um “Bebum” estava em casa lá pelas onze da noite. Passara os efeitos da bebedeira diurna e ele sentia vontade de renovar o fogo, mas estava sem dinheiro. Pensava todas as maneiras para conseguir e tudo que ocorria já estava manjado e não funcionava mais. De repente toca o seu velho celular que é atendido prontamente. Era um conhecido.
- Pronto!
- Juca, preciso de você. O meu cachorro está morrendo...
- Procura o veterinário pô. O que vou fazer?
- Oi, ele está morrendo e eu tenho que tirá-lo daqui de casa antes do amanhecer para evitar que a mulher e as crianças o vejam e você sabe o resto.
- Claro, claro, agora entendo. Você é um pai zeloso, marido exemplar e quer evitar traumas na família. Admiro você e...
Encheu o amigo de bajulações vendo ali uma oportunidade de “descolar grana”.
- E aí? O que você vai fazer por mim?
- Já estou indo.
Chegou fingindo cansaço e foi logo dizendo:
- Pego ele e jogo a uns dois quarteirões daqui e depois o pessoal da limpeza da rua se vira.
- Não, aqui todo mundo conhece o meu cachorro. E se a mulher e meus filhos o descobrem morto na rua vão acabar comigo.
- Ta bem. Levo o infeliz para o aterro sanitário. Só que preciso chamar um taxi que vai cobrar uns Cr$50,00 e você me dá mais uns Cr$20,00 prá tomar umas...
- Combinado. Vamos colocá-lo dentro de um saco de lixo. Chama o taxi lá depois da esquina para ninguém perceber aqui em casa.
Passou o dinheiro e o “transportador” foi pensando. Vinte dá para tomar umas... Mas setenta é muito melhor. Vou jogar essa encrenca na rua mesmo. E foi andando. Uma hora tinha gente nas janelas em outra vinha uns carros e assim ele já estava aproximando de casa com o cachorro já morto nas costas. Chegando perto da casa da sua prima ele já resolveu o problema. Atirou logo o saco com o cachorro por cima do muro e correu para o primeiro bar.
No dia seguinte, na porta de sua casa a prima vem chegando meio apavorada e diz:
- Juca, preciso de você. Um maldito jogou um cachorro morto no meu quintal. Mas seu eu pego o maldito!!!... Dá um sumiço nele pra mim.
- Tem que levar no aterro sanitário... Tem que ser de taxi! Uns Cr$70,00...
- Eu topo antes que comece a fedentina.
O Juca apanha o saco com o seu já precioso conteúdo. Pensa logo que vai faturar um dinheirão. Vai descendo pela rua, logo no segundo quarteirão atira o volume por sobre o muro e corre. Mais tarde vai até a casa da vítima e pergunta?
- Vamos dar uma limpeza no quintal hoje dona Maria?
- Não precisa. Ta tudo limpinho.
- Mas não foi a senhora que ligou dizendo que estava sujo e tinham jogado um animal morto na sua horta?
- Não.
- Mas será que eu me enganei? Vamos dar uma olhada?
E lá se foram os dois, olharam tudo e nada de cachorro morto. Ele saiu agradecendo e oferecendo seus préstimos sempre que necessários.
Já na rua, indignado e confuso ele concluiu.
Estava até pensando em montar um esquema de” transferência” de animais mortos. Não dá! Tá feio o negócio, PQP, roubaram O MEU CACHORRO MORTO.
Divinópolis, 06-06-2013.
DMP.