Dicas importantes para quem bebe (e quem não bebe) vinho
Compartilho um texto que escrevi, a pedido, para uma das reuniões entre amigos bebedores de vinho, elegantemente conhecidos como “enófilos iniciantes.”
No segundo texto, dicas hilárias de Mário Libardi, destinado aos enochatos e a todos os coitados que convivem com estas criaturas. Imperdível.
Uma coisa é certa meus amigos, o mundo do vinho sempre criou e criará polêmica.
Eu não sei se o grupo dos apaixonados por vinho cresceu muito nos últimos anos no Brasil ou se fui eu que passei a ganhar um pouquinho melhor e descobri este universo paralelo.
O certo é que sempre gostei de vinho, mesmo quando não tinha mais do que quinze reais para gastar em uma garrafa que, por pura economia, tinha que durar uns vinte dias na geladeira. Dois pecados mortais, diga-se de passagem e que renderam várias sessões de clareamento dentário posteriormente.
De qualquer forma e independente do poder aquisitivo, as vinícolas brasileiras e as importadoras investem cada vez mais neste filão.
Beber vinho é um prazer. É um ritual mágico. Um momento de introspecção, de apreciação e de paixão.
Há sofisticação, leveza, aprendizagem e gratificação e isto tudo não tem segredos. Há técnicas, isto é certo, mas ninguém precisa conhecê-las a fundo para saber se gostou ou não de um vinho.
Porém, é bom também compreender que os vinhos bons não são apenas aqueles de milhares de dólares (Château Lafite Rothschild 1787 – aproximadamente 200 mil dólares) ou mesmo os mais acessíveis dentro deste universo (Romanée Conti 2003 – 6.000 dólares). Ou ainda os Lafite, Margaux, Mouton-Rothschild, Latour, Haut Brion, Petrus, Cheval Blanc.
Estes não são bons! Definitivamente! São maravilhosos! Divinos! Mas quantos podem comprar uma garrafa destas?
Bons vinhos podem ser encontrados a preços bem menores e quando degustados em boa companhia e em um ambiente agradável são impagáveis.
Infelizmente há muita confusão no mundo do vinho.
Há pessoas que acreditam que é possível encontrar uma excelente e impagável garrafa a modestos dez ou vinte reais (eu, há uns 8 anos), agora, compartilho a opinião dos grandes magos enófilos: é impossível produzir vinho de qualidade por preços tão baixos. Por que? Coloque o custo do vasilhame, rótulo, rolha e é claro, da própria fabricação, da matéria prima, do transporte, distribuição, lucro etc., etc.
Não há possibilidade.
Da mesma forma, vejo constantemente pessoas descartando bons vinhos nacionais por péssimos chilenos, argentinos ou franceses.
Só porque é de fora não significa que é bom!
Há vinhos horrorosos desembarcando no Brasil e desbancando excelentes Vallontanos gaúchos.
Este é um equívoco muito comum: acreditar que há mais riqueza numa garrafa de quinta categoria só por que foi feita na França. Por fim, e sem querer me estender aqui a uma aula chata de uma enochata sem pretensões (rs) é interessante falar sobre a confusão mais corriqueira: confundir uvas com marcas, região ou vinícolas.
Atenção! Merlot não faz parte da Távola Redonda e nem é um vinho fabricado na Inglaterra em homenagem ao Rei Arthur. É um tipo de uva.
Da mesma forma, Riesling não é um general alemão e nem Tannat é uma patente do exército russo, isto sem querer mencionar Gewürztraminer, Nebbiolo ou Lambrusco o que dá uma confusão danada, começando pela pronúncia do primeiro.
Uma regra básica nestes casos é, quando não souber do que se trata, fique quieto. SEMPRE! É melhor ficar calado do que verbalizar com ares de grande conhecedor "Pinót no Ar". Aí sim, a situação fica complicada e será lembrada em muitas degustações futuras e com certeza ninguém falará de você como um expert.
No mais, escolha uma boa garrfa a um preço justo, faça um convite para aquela pessoa especial e aprecie o que o vinho tem de melhor: a magia.
"Master Of Wine Enochator Transformator"!!!
Por Mário Libardi
- Cansado de ser apenas um enófilo anônimo e desconhecido em
feiras e eventos??
- Inconformado por nunca ter sido convidado para aquela "boca
livre" das revistas especializadas e importadoras??
- Angustiado por não receber convites com os dizeres: "Só para
profissionais"???
- Seus problemas acabaram !!!!!
Apresentamos o revolucionário método "MASTER OF WINE ENOCHATOR
TRANSFORMATOR"!!!!
Um kit com todos os segredos para transformá-lo num verdadeiro
Mestre da Enofilia em apenas "10 lições de Ouro".
AS 10 LIÇÕES DE OURO DO "MASTER OF WINE ENOCHATOR TRANSFORMATOR"
1] SINTA-SE O MAXIMO: Assuma uma postura pedante, prepotente e
esnobe, com opiniões formadas sobre tudo. Em degustações, transmita
um ar superior e de dono da verdade, sempre com risadinhas discretas
de canto de boca. Não esqueça da arrogância. Nas "rodinhas", fale o
menos possível para não se comprometer. Alguém pode lhe pegar nos
seus inúmeros pontos fracos. Conversa franca derruba qualquer um.
Tenha cuidado!
2] EM DEGUSTACOES AS CEGAS, QUEM TEM UM OLHO E REI: Fuja como o diabo da cruz deste tipo de degustação. O risco de desmoralização é muito alto. Se for impossível, identifique antes os vinhos e a sequência de serviço. Para tanto, use de todos meios possíveis: Gorjeta para maitres, influencia com os organizadores, amizade com os importadores, ou se tudo isso falhar, acione o plano B: De notas altas [ acima de 85 ] para todos os vinhos. Faz menos estrago uma nota 90 para um "Vin de table do que 79 para um Petrus !!!. De lambuja, dependendo do seu grau de "credibilidade", esse Vin de table superpontuado, pode ainda vir a ser um "cult". !!!!
3] SEJA SEMPRE O PRIMEIRO A FALAR: Numa degustação seja sempre o primeiro a falar, e com muita convicção emita qualquer parecer, mesmo o mais estapafúrdio, porem com ênfase e autoritarismo. Lembre-se que a maioria é sempre tímida e ainda sobram os que vão concordar com você. Os possíveis desmascaradores serão sempre a esmagadora minoria.
4] ABUSE DA CRIATIVADE: Quando fizer as descrições dos vinhos, use
e abuse das comparações mais absurdas e improváveis para os aromas e o gosto, tendo sempre o cuidado de incluir algumas características
verdadeiras constantes em "releases" de importadoras, para não perder
a coerência.
5] NUNCA CONCORDE COM OPINIOES ALHEIAS: Sempre que alguém
identificar algum aroma da sua descrição e lhe perguntar se o notou, não responda. Apenas fixe o olhar na pessoa com fisionomia impassível, aspire a taca e desvie a atenção para outro participante. Quando vierem lhe contar de um vinho sensacional, diga que o conhece, porém o de outro produtor [cite qualquer um ] e anos- luz melhor!!!
6] CRITICAR JAMAIS: Nunca critique abertamente qualquer vinho,
principalmente os nacionais. Sempre dê notas entre 80 e 90 para eles
e acima de 84 para os importados. Se um vinho for ruim diga que "é honesto e deve melhorar com alguma guarda", se for uma zurrapa intragável, classifique-o como "correto e pronto". Lembre-se que as criticas fecham portas, afastam as "boca livres", viagens patrocinadas, presentes das importadoras, massagens no ego, dengos de produtores, etc.,etc.
7] DEMONSTRE INTIMIDADE COM FAMOSOS: Lição fundamental para
angariar credibilidade e respeito. Frases com as que seguem são muito·produtivas: "Já cansei de dizer ao Luizão [Luiz Pato] para reduzir
um pouco a madeira no ”Vinhas Velhas", "O Michel [Rolland] esteve em
casa para degustarmos sua ultima invenção: vai dar o que falar", "O
Bob [Robert Parker] precisa entender de uma vez por todas que existe
vida inteligente fora da Borgonha"ou ainda "A Jancis [Robinson] me
convidou para escrever um capitulo de seu próximo livro, mas estou
sem tempo".
8] VOCE ESTA SEMPRE CERTO: Em hipótese alguma admita que errou ou enganou-se, mesmo quando corrigido por alguém que realmente
entende de vinhos. Mantenha a frieza e invente desculpas esfarrapadas, sem perder a linha e a compostura. Fuja de polemicas e discussões,
mantendo um ar de distanciamento e superioridade.
9] RENEGUE SEU PASSADO DE INICIANTE: Esqueça definitivamente que já segurou taca ISO pelo bojo e tomou vinho de garrafão em
churrascarias duvidosas. Se alguém o reconhecer como antigo colega
no Curso de Iniciação da De Lantier, diga que deve ser alguém muito
parecido, pois o único vínculo que mantém com aquela vinícola é o
contrato de Consultoria para orientação dos enólogos nas decisões
mais difíceis.
10] MANTENHA SIGILO ABSOLUTO: A ultima e mais importante
das "lições de ouro". Os nove mandamentos acima devem ser guardados a "sete chaves" e jamais revelados. Se já está difícil administrar o número atual de "Grandes Mestres" e "Experts" em vinho, imagine se este valioso conteúdo vazar!!!
Texto postado por Mario Libardi ( Sunisland Blogspot )
No segundo texto, dicas hilárias de Mário Libardi, destinado aos enochatos e a todos os coitados que convivem com estas criaturas. Imperdível.
Uma coisa é certa meus amigos, o mundo do vinho sempre criou e criará polêmica.
Eu não sei se o grupo dos apaixonados por vinho cresceu muito nos últimos anos no Brasil ou se fui eu que passei a ganhar um pouquinho melhor e descobri este universo paralelo.
O certo é que sempre gostei de vinho, mesmo quando não tinha mais do que quinze reais para gastar em uma garrafa que, por pura economia, tinha que durar uns vinte dias na geladeira. Dois pecados mortais, diga-se de passagem e que renderam várias sessões de clareamento dentário posteriormente.
De qualquer forma e independente do poder aquisitivo, as vinícolas brasileiras e as importadoras investem cada vez mais neste filão.
Beber vinho é um prazer. É um ritual mágico. Um momento de introspecção, de apreciação e de paixão.
Há sofisticação, leveza, aprendizagem e gratificação e isto tudo não tem segredos. Há técnicas, isto é certo, mas ninguém precisa conhecê-las a fundo para saber se gostou ou não de um vinho.
Porém, é bom também compreender que os vinhos bons não são apenas aqueles de milhares de dólares (Château Lafite Rothschild 1787 – aproximadamente 200 mil dólares) ou mesmo os mais acessíveis dentro deste universo (Romanée Conti 2003 – 6.000 dólares). Ou ainda os Lafite, Margaux, Mouton-Rothschild, Latour, Haut Brion, Petrus, Cheval Blanc.
Estes não são bons! Definitivamente! São maravilhosos! Divinos! Mas quantos podem comprar uma garrafa destas?
Bons vinhos podem ser encontrados a preços bem menores e quando degustados em boa companhia e em um ambiente agradável são impagáveis.
Infelizmente há muita confusão no mundo do vinho.
Há pessoas que acreditam que é possível encontrar uma excelente e impagável garrafa a modestos dez ou vinte reais (eu, há uns 8 anos), agora, compartilho a opinião dos grandes magos enófilos: é impossível produzir vinho de qualidade por preços tão baixos. Por que? Coloque o custo do vasilhame, rótulo, rolha e é claro, da própria fabricação, da matéria prima, do transporte, distribuição, lucro etc., etc.
Não há possibilidade.
Da mesma forma, vejo constantemente pessoas descartando bons vinhos nacionais por péssimos chilenos, argentinos ou franceses.
Só porque é de fora não significa que é bom!
Há vinhos horrorosos desembarcando no Brasil e desbancando excelentes Vallontanos gaúchos.
Este é um equívoco muito comum: acreditar que há mais riqueza numa garrafa de quinta categoria só por que foi feita na França. Por fim, e sem querer me estender aqui a uma aula chata de uma enochata sem pretensões (rs) é interessante falar sobre a confusão mais corriqueira: confundir uvas com marcas, região ou vinícolas.
Atenção! Merlot não faz parte da Távola Redonda e nem é um vinho fabricado na Inglaterra em homenagem ao Rei Arthur. É um tipo de uva.
Da mesma forma, Riesling não é um general alemão e nem Tannat é uma patente do exército russo, isto sem querer mencionar Gewürztraminer, Nebbiolo ou Lambrusco o que dá uma confusão danada, começando pela pronúncia do primeiro.
Uma regra básica nestes casos é, quando não souber do que se trata, fique quieto. SEMPRE! É melhor ficar calado do que verbalizar com ares de grande conhecedor "Pinót no Ar". Aí sim, a situação fica complicada e será lembrada em muitas degustações futuras e com certeza ninguém falará de você como um expert.
No mais, escolha uma boa garrfa a um preço justo, faça um convite para aquela pessoa especial e aprecie o que o vinho tem de melhor: a magia.
"Master Of Wine Enochator Transformator"!!!
Por Mário Libardi
- Cansado de ser apenas um enófilo anônimo e desconhecido em
feiras e eventos??
- Inconformado por nunca ter sido convidado para aquela "boca
livre" das revistas especializadas e importadoras??
- Angustiado por não receber convites com os dizeres: "Só para
profissionais"???
- Seus problemas acabaram !!!!!
Apresentamos o revolucionário método "MASTER OF WINE ENOCHATOR
TRANSFORMATOR"!!!!
Um kit com todos os segredos para transformá-lo num verdadeiro
Mestre da Enofilia em apenas "10 lições de Ouro".
AS 10 LIÇÕES DE OURO DO "MASTER OF WINE ENOCHATOR TRANSFORMATOR"
1] SINTA-SE O MAXIMO: Assuma uma postura pedante, prepotente e
esnobe, com opiniões formadas sobre tudo. Em degustações, transmita
um ar superior e de dono da verdade, sempre com risadinhas discretas
de canto de boca. Não esqueça da arrogância. Nas "rodinhas", fale o
menos possível para não se comprometer. Alguém pode lhe pegar nos
seus inúmeros pontos fracos. Conversa franca derruba qualquer um.
Tenha cuidado!
2] EM DEGUSTACOES AS CEGAS, QUEM TEM UM OLHO E REI: Fuja como o diabo da cruz deste tipo de degustação. O risco de desmoralização é muito alto. Se for impossível, identifique antes os vinhos e a sequência de serviço. Para tanto, use de todos meios possíveis: Gorjeta para maitres, influencia com os organizadores, amizade com os importadores, ou se tudo isso falhar, acione o plano B: De notas altas [ acima de 85 ] para todos os vinhos. Faz menos estrago uma nota 90 para um "Vin de table do que 79 para um Petrus !!!. De lambuja, dependendo do seu grau de "credibilidade", esse Vin de table superpontuado, pode ainda vir a ser um "cult". !!!!
3] SEJA SEMPRE O PRIMEIRO A FALAR: Numa degustação seja sempre o primeiro a falar, e com muita convicção emita qualquer parecer, mesmo o mais estapafúrdio, porem com ênfase e autoritarismo. Lembre-se que a maioria é sempre tímida e ainda sobram os que vão concordar com você. Os possíveis desmascaradores serão sempre a esmagadora minoria.
4] ABUSE DA CRIATIVADE: Quando fizer as descrições dos vinhos, use
e abuse das comparações mais absurdas e improváveis para os aromas e o gosto, tendo sempre o cuidado de incluir algumas características
verdadeiras constantes em "releases" de importadoras, para não perder
a coerência.
5] NUNCA CONCORDE COM OPINIOES ALHEIAS: Sempre que alguém
identificar algum aroma da sua descrição e lhe perguntar se o notou, não responda. Apenas fixe o olhar na pessoa com fisionomia impassível, aspire a taca e desvie a atenção para outro participante. Quando vierem lhe contar de um vinho sensacional, diga que o conhece, porém o de outro produtor [cite qualquer um ] e anos- luz melhor!!!
6] CRITICAR JAMAIS: Nunca critique abertamente qualquer vinho,
principalmente os nacionais. Sempre dê notas entre 80 e 90 para eles
e acima de 84 para os importados. Se um vinho for ruim diga que "é honesto e deve melhorar com alguma guarda", se for uma zurrapa intragável, classifique-o como "correto e pronto". Lembre-se que as criticas fecham portas, afastam as "boca livres", viagens patrocinadas, presentes das importadoras, massagens no ego, dengos de produtores, etc.,etc.
7] DEMONSTRE INTIMIDADE COM FAMOSOS: Lição fundamental para
angariar credibilidade e respeito. Frases com as que seguem são muito·produtivas: "Já cansei de dizer ao Luizão [Luiz Pato] para reduzir
um pouco a madeira no ”Vinhas Velhas", "O Michel [Rolland] esteve em
casa para degustarmos sua ultima invenção: vai dar o que falar", "O
Bob [Robert Parker] precisa entender de uma vez por todas que existe
vida inteligente fora da Borgonha"ou ainda "A Jancis [Robinson] me
convidou para escrever um capitulo de seu próximo livro, mas estou
sem tempo".
8] VOCE ESTA SEMPRE CERTO: Em hipótese alguma admita que errou ou enganou-se, mesmo quando corrigido por alguém que realmente
entende de vinhos. Mantenha a frieza e invente desculpas esfarrapadas, sem perder a linha e a compostura. Fuja de polemicas e discussões,
mantendo um ar de distanciamento e superioridade.
9] RENEGUE SEU PASSADO DE INICIANTE: Esqueça definitivamente que já segurou taca ISO pelo bojo e tomou vinho de garrafão em
churrascarias duvidosas. Se alguém o reconhecer como antigo colega
no Curso de Iniciação da De Lantier, diga que deve ser alguém muito
parecido, pois o único vínculo que mantém com aquela vinícola é o
contrato de Consultoria para orientação dos enólogos nas decisões
mais difíceis.
10] MANTENHA SIGILO ABSOLUTO: A ultima e mais importante
das "lições de ouro". Os nove mandamentos acima devem ser guardados a "sete chaves" e jamais revelados. Se já está difícil administrar o número atual de "Grandes Mestres" e "Experts" em vinho, imagine se este valioso conteúdo vazar!!!
Texto postado por Mario Libardi ( Sunisland Blogspot )