Zé
- Bom dia!
- Bom!!!
- Por favor, qual é a sua graça?
- Graça?
- É!
- Desculpe senhor, mas eu não tenho graça nenhuma. Na verdade, nem piada sei contar.
- Quero dizer, qual é o seu nome?
- Ah, meu nome? Você quer saber o meu nome?
- Isso mesmo! O senhor poderia me dizer qual é o seu nome?
- Zé.
- Zé?
- Isso mesmo, meu nome é Zé.
- Bem, você quer dizer, José?
- Não! Meu nome é Zé.
- Zé. Só isso?
- Só! Por que?
- Por nada. Seu nome é Zé de que?
- Como assim?
- Seu sobrenome, qual é?
- Zé!
- Então você se chama Zé Zé?
- É claro que não. Meu nome é Zé. Só Zé.
- Olha meu senhor, me desculpe, mas ninguém pode se chamar somente Zé. Tem que ter um sobrenome. Aliás, todos temos. Silva, Souza, Almeida. Sei lá. Você deve se chamar Zé alguma coisa.
- Engraçado, até a pouco você nem acreditava que meu nome era Zé, porque agora tem que ser Zé alguma coisa?
- Por que todo mundo tem nome e sobrenome.
- Eu não. Eu não sou todo mundo. Meu nome é Zé. Só Zé.
- Você deve estar de brincadeira comigo. Você não vai com a minha cara? Por um acaso eu fiz alguma coisa que lhe ofendeu? Olha cara, é melhor você para de me zoar. Já deu. Tenho um monte de coisas para fazer, por isso, vamos parar de palhaçada. Basta! Entendeu? Basta!
- Mas senhor, eu não sou nenhum palhaço. Já lhe disse que não sei fazer piada.
- Olha, vamos fazer o seguinte. Vamos começar tudo de novo. Do zero. Ta legal?
- Por mim tudo bem.
- Vamos lá. Estamos nos conhecendo agora. Certo?
- Certo!
- Então, vamos lá. Senhor, nome completo, por favor.
- Zé!!!
- Ta bom! Zé de que?
- Zé! Só Zé.
- Você quer dizer José?
- Não!!! Eu quero dizer Zé!
- Zé? Quem lhe deu esse nome?
- Meu pai.
- Por favor, Zé, como se chamava o seu pai?
- José!
- E você, como se chama? Como é seu nome?
- Zé!
- Seu pai era chamado de José, não é verdade? Então como ele colocou o seu nome de Zé? Ou melhor, por que ele colocou o seu nome de Zé?
- Por que ele era um homem de poucas palavras.
- ...