E O "MORDE E ASSOPRA" MORDEU NO FINAL

E cá estou eu, telespectadora de novelas, atualmente um tanto mordida sem sequer ser assoprada.

Isso não é nada justo com quem dá audiência, eu penso assim.

Ontem foi ao ar o último capítulo da novela global das sete "morde e assopra" que depois de ter mordido a crítica logo no seu início, assoprou de mansinho nossos prelúdios de noite com uma dose de humor leve, entremeado de alguns dramas comuns ao cotidiano humano e de muitas mensagens cabíveis ao nosso cenário político atual.

A novela, no frigir dos ovos, até que não foi ruim, posto que conseguiu divertir bastante enquanto tentava prender o telespectador audiente com alguns segredos, nadinha instigantes.

Confesso que o melhor de toda a obra, a meu leigo ver, foi a vinheta.

O fofo do dinossauro jurássico querendo brincar com a maquiavélica robozinha foi a melhor mensagem figurativa da obra.

De fato, homens são frequentemente vencidos pela "tecnologia feminina" e a era tecno de hoje coloca o tudo dinossaurico nos museus da humanidade.

Muito bem.

Triste foi ver o personagem Ícaro perder o fio da meada da estória enganado por tudo e por todos a complacentemente perdoar a sua belíssima Naomi sob a cara mais lavada de quem "nunca soube de nada...sobre tudo". Irritante aquele Ícaro.

E por falar em Naomi...que fim levou a sua réplica robô? Fugiu com o jardineiro?

Frente ao tudo, achei a tal réplica bem mais convincente que a matriz.

Todavia, vejam como a arte imita a vida: Pela nossa história tem político que o Ícaro colocaria no chinelo quanto à certas necessidades que todos temos, principalmente o todo político, a de não enxergar os fatos.

De fato, tem assunto que é melhor desconhecer mesmo. Principalmente se houver urna em jogo.

Ícaro poderia ser a figuração política, sempre moderna, mais inteligente que já vi: algo que voa alto com as asas do povo, e depois rapidamente o faz despencar lá de cima com os sonhos de asas derretidas...sempre sem tocar o sol, obviamente.

Mas , minha alusão principal é à interpretação impecável de Cássia Kiss.

Tão impecável que por vezes até caricaturou.

Mulher sofrida sem nenhuma sorte. Um tipo bem comum pela vida.

Tão, mas tão azarada que bem no finalzinho do seu sofrimento ainda se casou com aquele marido...Deus que me perdoe, mas donde saiu aquele ator nada maridaço? Cássia tratou de morrer magistralmente, sem deixar nenhuma dúvida. Foi bem precavida, aliás.Vai que ela voltasse para aquele marido...tão sonso.

Ali foi a encenação do melhor com o pior da novela. Um belo contraste, se a intenção era essa.

Tudo ia muito bem, gostei muito do destino dado a todos os personagens...até que meu ídolo masculino, o Chaplin Brasileiro, o tal Sargento Xavier, saiu do armário. Nada contra, se é moderno é da Globo, se é da Globo é moderno...que fofo ele. Um humorista inato.

A sogra maquiavélica teve o que mereceu: os netinhos para lhe pentelhar os ouvidos. Sogra boa é a que ainda não nasceu...e aquela nem a morta seria garantia de sossego.

A garota que virou modelo sensual é uma das atrizes mais belas da atualidade...e optou pelo politicamente correto do nosso momento: Nada de estudo, nada de casório, nada de cuidar do filho, nada de trabalho. O top chique, o que dá "status" mesmo é ganhar dinheiro sem muito esforço. Mensagem atualíssima. É a cara do cenário do nosso reality show brasileiro.

Mas o final da novela, foi um horror...nos mordeu de doer! Tudo rapidamente atropelado pelo tempo...jurassico.

Haveremos de nos assoprar pelo resto da nossa vida globalmente novelística.

A paleontóloga finalmente confessou amar os dinossauros. Ninguém sabia daquilo, portanto, a confissão valeu! Foi desvendado o MAIOR e melhor segredo da novela. Porque o segredo esperado não convenceu nem com lágrimas de crocodilo. Muito ruim a interpretação de Flávia Alessandra, apesar de linda a atriz.

Júlio Verne foi plagiado até ao centro, e bem lá debaixo da Terra, aonde o Jurassic Park já nos esperava a todos para dar uma força à paleontologia brasileira.

Ciência belíssima que já desculpa todos os plágios ocorridos.

Aliás, o Brasil é um terreno propício à tal ciência dinossáurica, com todo o respeito aos bichinhos de antigamente. Por aqui, absolutamente tudo passa (e nunca transpassa!) pela paleontologia.

Bem, nem tudo está perdido e a política mais uma vez resolveu todos os desencontros de Preciosa que continuará nas mãos do mesmos, como sempre é.

Ary Fontoura e Elizabeth Savala nos ratificaram que quaisquer sacrifícios valem a pena quando os interesses maiores os justificam.

É morder a isca...para depois perenamente se assoprar pelo tempo.

Afinal, tudo nessa vida tem seu preço.