A Macacada
Um grupo de macacos estava acabando com o milharal do seu Raimundo, comiam quase toda a produção e o homem não tinha lucro, nem milho para nada. Ele tentou colocar um espantalho, mas aquilo não assustava aos macacos que riam daquela coisa e do homem.
Certo dia, um velho cavalo pangaré que passava por aquelas terras, viu a macacada e o homem a ralhar, inutilmente, com eles. O pangaré, então, teve a idéia de ir ajudar o homem.
Chegou à casa de seu Raimundo e propôs:
- Se o senhor me der dois alqueires de milho, eu expulsos os macacos da sua terra.
- Trato feito, pois já to ficando doidim com essa macacada toda no meu milharar. – concordou o agricultor – Nunca vi, parecem deputados numa roubalheira monstra.
No outro dia, pela manhã, antes da macacada acordar. O velho pangaré deitou-se bem no meio do milharal. Fingindo-se de morto.
Dali a pouco tempo, chegaram os macacos.
- Xiiiiiiiiiiiih – disse um.
- Que foi compadre? – disse outro.
- Tá vendo ali, o que foi que aconteceu?- perguntou o primeiro.
- Arre Égua. – praguejou outro macaco – Será que ta morto?
Nesse momento, um bem-te-vi começou a cantar:
- Tá vivo.
- Arre égua não! – cutucou um quarto macaco – Isso é um pangaré veio... Essa joça é macho, num é fêmea não.
- Tá morto sim! – gritou um macaco que cutucava o cavalo.
- Tá vivo. – alertava o bem-te-vi.
- Que coisa macacada.
- Tira daí. – falou um macaco trepado numa árvore.
Os macacos, rapidamente, arrumaram cordas de cipó. Amarraram o velho cavalo pelo tronco e alguns começaram a puxar, mas o cavalo era pesado e não se movia.
- Todo mundo tem que ajudar. – bradou um.
- Eu to puxando.
-Eu vo puxar.
- Tá vivo. – ouviu-se o bem-te-vi.
- Me dá aqui uma corda.
- Bando de fracos.
- Puxa porra.
-Fraco.
- Tá vivo. – cantarolava o bem-te-vi.
Quando todos os macacos tinham se enrolado nas cordas e todos puxavam com toda a potência que tinham, o velho pangaré se levantou para mostrar sua virilidade, força e respeito. Começou a arrastar os macacos e as cordas apertavam os primatas, fazendo-os morrer engasgado, enforcado e a estraladeira de ossos podia ser ouvida a distancia e pulando de galho em galho, podia-se, também, ouvir o Bem-Te-Vi cantando:
- Bem que eu disse... Bem que eu disse.