Meninas Sapecas
Elas viviam uma vida boa junto com a vovó que lhes dedicava todo cuidado. A mais velha tinha uns treze anos, a mais nova uns quatro.
Viviam aprontando com a vovó.
Entrementes, a Vó fez umas compras desses vendedores que passam na porta vendendo. Todo mes o vendedor passava de volta para receber a prestação.
Certo dia, ela não tinha o dinheiro da prestação e mandou que a mais nova fosse lá dizer ao vendedor que ela não estava em casa. Prestativa, não teve dúvidas. Chegou para o moço e disse.
- A minha Vó mandou dizer que ela não está em casa.
- Então vai lá e chama ela.
Lá vem ela toda sem graça dar uma desculpa para o vendedor. E depois deu-lhe uma bela bronca. E ela nem entendeu porque. Ué, não era pra dizer que a Vó não estava?
A outra mais velha também aprontava, era engenhosa e aprontava também com a irmã pequena.
Ela ficava brava porque, sendo mais velha já tinha algumas obrigações e quando era chamada para lavar a louça ficava fula. Um dia, numa hora dessas ela pegou o tachinho que tinha o sabão e esquentou direto no fogão. Ficou paracendo uma marmelada. Virou para a pequena e disse:
- Voce quer marmelada?
- Quero!
- Então lambe!
A menina foi com língua e tudo pra cima da marmelada-sabão. Estava formada a confusão. Passou mal a pequena, choradeira, corre aqui, acode ali, pega água, pega a irmã que ela vai apanhar.
Levou uma surra, sumiu pelo quintal e safou-se da louça para lavar.
(Nota: um comentário de um simpático recantista me fez reconsiderar o título)