LARANJAS DA  CALIFÓRNIA

 

 
Na década de setenta do século passado ainda não havia tantas frutas disponíveis, principalmente o ano todo, como agora. Mas no centro de São Paulo, perto do Largo São Francisco tinha uma barraca e aos passantes o vendedor anunciava bem alto: Laranjas da Califórnia! Pêssegos do Chile! Melões da Espanha! e assim por diante. Eu nunca o vi, mas sei que as frutas eram bonitas e boas porque papai sempre levava algumas para casa. Até que um dia minha mãe ficou encafifada. Por que comprar frutas importadas e tão caras? Ao que ele respondeu que daquele modo era muito prático. Ele passava mesmo por ali na saída do trabalho, nem precisava ir à feira, que aliás, detestava. E deu um sorrisinho maroto. Finalmente abriu o jogo: era prático mesmo, as frutas custavam mais caro do que na feira, claro, estavam ali a mão, no centro da cidade, bem no seu caminho... Eram boas, não eram? Porém... não eram importadas! Ele descobriu isso quando (achando um tanto esquisito) começou a questionar o vendedor sobre importações, até que o homem confessou. As frutas vinham de várias fazendas do interior do Estado. Fazenda Califórnia, Fazenda Espanha, Fazenda Chile...