FOBIA NAS ALTURAS
Já escrevi sobre o tema, e decerto que não estou sozinha no universo de pessoas que têm medo de avião, principalmente agora que nos vêm algumas notícias da perícia da caixa preta resgatada do pós acidente aéreo da AIR FRANCE, ocorrido há dois anos. Que coisa triste aquilo.
Aí, embora melhorada, percebo que ainda tenho medo sim, confesso mas disfarço bem. Quero dizer, disfarço mais ou menos.
E não adianta o maior expert do mundo da aviação nos argumentar que avião é o transporte mais seguro deste mundo, porque quando lembro que não há oficinas de reparo lá em cima, muito mesmo " pitstop " para os pilotos, ai sim que meu medo vira desespero, porque a viagem poderá é ficar bem mais próxima do outro mundo, isso sim, cuja passagem a gente nunca compra porque tal passeio sempre se quer adiar.
Mas já me houve épocas piores.
Por exemplo, épocas em que viajar era muito bom, todavia, só em pensar em subir numa aeronave era tão angustiante que me tirava todo o prazer da bela viagem.
Depois que eu chegava ao meu destino turístico ficava o tempo todo pensando na volta de avião.
Tal medo exagerado eu já o superei...e sem terapia, vejam que progresso!
Ocorre que tem gente redator que é "espirito de porco", bem descolado com os ares, ou quem sabe um pouco distraído demais.
Digam-me: quem , afinal , seria responsável pela redação das matérias daquelas revistinhas de bordo?
Tudo ótimo quando são divertidas e interessantes ,quando as abrimos para ver assuntos como hotéis, turismo, compras diversas, "taxs-free", natureza, flores, gente bonita, literatura, fotografia cinema...mas me digam, quem será que é o infeliz que resolve publicar numa revista daquelas uma reportagem de aniversário dum acidente aéreo?
Quem estaria interessado em ler uma reportagem dessas dentro dum avião? Brincadeira...
Isso não seria terrorismo?
Aconteceu comigo, justo quando eu melhorava do meu medo, acho que foi um teste de fogo.
Entrei no avião, me acomodei, fechei os olhos às instruções de emergência, não li que meu assento flutuante estava sob minha poltrona, mesmo porque a julgo a pior informação de segurança , a mais terrorista que já ouvi neste mundo!; fechei o meu cinto, coloquei o fone de ouvido numa música clássica, respirei fundo na decolagem, sorri para a comissária, acelerei um pouquinho o coração , peguei a balinha de hortelã, e pensei comigo mesma: "pronto, olha só como o mundo é bonito lá embaixo, porém muito mais bonito quando visto daqui de cima...que tranquilidade..."
Até a primeira nuvem mais densa aparecer e se fazer presente...lá dentro do avião.
"Tia posso abrir a janelinha para sentir o ventinho lá fora?' -foi o que ouvi da minha sobrinha de pouca idade. Expliquei-lhe que felizmente (ou infelizmente, sei lá!) aquilo não seria tecnicamente possível.
Então, tratei de fazer justamente o contrário: vedei a tal janelinha com a cortina para ter a certeza de que tudo estava bem parado lá fora, e sem vento algum lá dentro, e depois resolvi me aliviar abrindo a revista a minha frente: Em manchete: "acidente com o Boeing número tal no ano tal...completa tantos anos..."
Fechei a revista imediatamente e passei a viagem inteira tremendo e acelerando o coração mesmo sem a mínima turbulência lá fora.
Só queria mesmo era esganar o redator daquela matéria.
Pousada a nossa aeronave, todos bateram as palmas, sempre penso que quem as bate são do meu time de medrosos, quando o meu sobrinho, ainda bem criança e todo feliz, nos gritou lá de trás:"tia, já chegamos e o avião nem caiu...vc viu que bom? Muitas risadas soaram.
Uma coisa é fato: como é bom ser criança...
Só uma perguntinha: não daria para se fazer um trem -bala sobre trilhos transatlânticos e transcontinentais, fincados em terra firme?
Dizem que não há o que um homem possa pensar que um outro não possa fazer. Quem sabe um dia...
Fica a sugestão de quem ainda tem "paúra" de avião.