Amor a primeira vista
Amor a primeira vista
- Oi!
Ela se voltou desconfiada. Nunca vira aquele rapaz que a cumprimentava, mas respondeu jovialmente:
- Oi!
- Quer se casar comigo?
- Heim?
Sem pestanejar ele repetiu as mesmas palavras.
- Quer se casar comigo?
- Uai, não!... Respondeu a moça entre perplexa pela inesperada proposta e lisonjeada pelo fato de ter sido distinguida entre tantas que se encontravam naquela festa. Mesmo considerando a situação absurda, a segurança e a coragem daquele homem mexeram com sua vaidade.
- E porque não? Questionou ele.
- Isso é uma cantada nova? Perguntou ela desconfiada.
- Não, é sério.
Ela sentiu uma firmeza desconcertante na voz dele.
- Mas eu nem lhe conheço! Exclamou a jovem.
- Muito prazer, disse ele imediatamente. Meu nome é Osvaldo, tenho 28 anos, sou advogado e meu signo é virgem!
- Muito prazer, Olívia. Disse ela e deu uma risadinha...
Ele olhou para ela dando a entender que não compreendera o motivo daquele enigmático sorriso.
- É que também sou virgem, disse, corando.
Ele se aproximou mais um pouco. Não que procurasse uma virgem, até porque, hoje em dia, é mais improvável encontrar uma mulher que se enrubesce, mas atraiu-lhe a possibilidade de romper (desculpem-me) a barreira que a dualidade daquela declaração representava.
Pensou em perguntar: É o seu signo que é virgem ou você é que nunca... Mas achou que ela podia compreender mal e preferiu se calar.
Antes que o silêncio se estendesse muito, ela falou:
- Pode me chamar de Vivinha!
- Como? Disse ele pego de surpresa.
- Vivinha! Todo mundo me chama assim.
- Vivinha da Silva! Disse ele sorrindo.
Ela sorriu também. Nunca havia pensado nisso.
- Vivinha da Silva, legal! Comentou.
- É meu sobrenome. Silva. Se você se casar comigo você fica Vivinha da Silva!
Ela sorriu novamente e parecia encarar com naturalidade o que estava acontecendo como se recebesse frequentemente uma proposta como aquela. E seu sorriso mais uma vez deixou-o em dúvida. Não sabia se ela sorria pela possibilidade de ficar bem viva ou de se casar com ele.
Ele mesmo não sabia exatamente porque estava agindo daquela maneira, mas sentia que algo, como a seta de um cupido, havia transfixado-lhe o peito assim que avistara aquela linda mulher e, arrebatado, agia por impulso.
Quando seu lado racional refreava-lhe o ímpeto, uma simples covinha no sorriso dela, um trejeito, um olhar de esguelha tragava-o novamente para o brumoso território da paixão e ele, indefeso diante dessas forças sobrenaturais aceitava, definitivamente, que desejava aquela mulher para si e para sempre...
Enquanto tentava, de alguma forma, organizar seus pensamentos, sentiu a mão dela tocar-lhe delicadamente o rosto e dizer:
- Eu aceito!
E sorrindo, beijaram-se pela primeira vez e juntos e abraçados saíram para cumprir os seus destinos, que era um só.
E foram irremediavelmente felizes para sempre!