Decisão

Fez um esforço tremendo, mas subiu, subiu o mais alto possível.

Ao chegar ao topo, sentia todo o corpo tremer. De cansaço, não sentia mais suas pernas. Encontrava dificuldade até em respirar.

Então, sentou-se, esperando recobrar suas forças e acalmar os nervos.

Instante depois já sentia que sua força retornara, estava pronto para outra, pensou, bem, nem tão pronto assim. Animou-se, mas, nem tanto.

Devagar, encaminhou-se até a beirada.

Estava alto, muito alto.

Alto demais, pensou.

Olhou para baixo e sentiu um frio na espinha, sua visão ficou prejudicada, pois, sentiu uma leve tontura. Respirou fundo, procurou não desviar os olhos do abismo à sua frente tentando acostumar-se com a altura, o que não demorou mais que alguns segundos para acontecer.

É agora, pensou, tem que ser.

Não, não foi, olhando a imensidão à sua frente, declinou, não teve coragem. De repente, sentiu medo, muito medo, seu coração começou a bater tão forte e rápido que parecia que iria explodir.

Então, sentiu-se mal, um covarde e voltou.

Sentou-se novamente e esperou.

Esperou bastante.

Esperou até se sentir seguro novamente.

Esperou até a coragem voltar.

Não vou voltar, disse baixinho, me esforcei muito para chegar ao topo, agora, não dá mais para voltar atrás. É agora, ou nunca.

Pensou sobre sua vida. Seus amigos, sua família. Suas vitórias e fracassos.

Então resolveu tomar uma atitude e, sem pensar em nada, foi até a beirada e se jogou.

No nada.

No vazio.

No desconhecido.

Uma sensação maravilhosa tomou conta de si.

Vários sentimentos vieram à flor da pele.

Euforia, alegria, felicidade, paz.

Fechou os olhos, abriu os braços e deixou-se levar, sentir o atrito de seu corpo contra o ar, o vento que o embalava na imensidão, no vazio, no nada.

Esboçou um breve sorriso, estava feliz.

E, esqueceu-se de tudo.

Esqueceu-se até, que naquele momento caía que naquele momento estava nos braços do ar, rumo ao desconhecido, rumo a... .

De repente um sentimento ruim.

Solidão.

Angustia.

Medo.

Abre os olhos e vê que falta pouco.

Pouco para o quê?

O sucesso?

O fracasso?

O fim?

Fim de quê?

Por quê?

Um turbilhão de sentimentos o assombra.

Arrepende-se.

Orgulha-se.

Chora.

Não há mais tempo.

Acabou.

Acabou?

Sim.

Não?

Nããããooooo???

No ultimo minuto reza, pede perdão e se emociona.

Então, pela primeira vez, bate suas asas e antes de chegar ao chão, sai voando pela imensidão do céu.

Marc Souz
Enviado por Marc Souz em 01/04/2011
Código do texto: T2883824
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