Os manos e as "minas"
- Aí mano vamo ali embaixo, que eu achei um lugar cheio de mina.
- É?
- Maluco! Você precisa de vê. Ta assim ó. – diz fazendo um sinal com a mão.
- Vamo lá então.
- Demoro!
Pegam à bicicleta e saem loucamente pelas ruas da cidade, onde, sem demora, convidam vários garotos, que alvoroçados passam a segui-los.
Saem da cidade e entram por uma estrada de terra, onde depois de alguns minutos encontram uma pequena mata virgem.
Todos estão extremamente excitados com a possibilidade de encontrarem as minas, a imaginação corre solta afinal, o que estas minas estariam fazendo a sós dentro da mata, pensam.
O garoto que vai à frente chega num local onde as arvores estão rareadas e pára.
Sente-se muito bem, olha em volta com um ar de inteira satisfação.
- Que maravilha! – murmura.
- Falta muito para chegarmos?
- Não! É aqui, vejam, não é lindo?
- É aqui??? – diz um.
- Droga! Chegamos atrasados – se revolta o outro.
- Claro que não, daqui a pouco o sol vai se pôr, e vocês terão a oportunidade de viver um momento único. Um momento, maravilhoso.
- Mas cadê as minas?
- É! cadê as minas que estavam aqui?
- Já foram embora?
- Claro que não, vocês não estão vendo. Olhem a sua volta e vejam. O que mais tem aqui é mina.
- Cadê?
- Opa, espera aí – diz um revoltado - você nos chamou aqui para vermos isso. Isso aqui é mina, mas mina d’agua.
- Seu filho de uma... – diz um indignado.
- Dá vontade de... – diz outro.
- Ué vocês estavam achando o quê?
- Não vamos nem falar. Sair da cidade para ver mina d’agua, ele ta de brincadeira.
Decepcionados, vão embora.
- Idiotas, ignorantes, depravados, vocês não tem a sensibilidade...
- É, eu sei... Sensibilidade... Sensibilidade...