E Cê Tava Pensando Qui Era o Que?
Tava eu nos meus dezessete anos, no auge da minha forma de palito, muito doido para conhecer os mistérios da vida, ou seja, sexo, mais até essa data só conhecia de mulher a Sônia Braga, sim! Foi ela que me iniciou na vida sexual, foi amor à primeira vista, tudo bem eu deveria dizer a primeira revista. Depois de subornar meu primo que era mais velho e mais simplório que a Ju, ele acabou comprando pra mim aquela maravilhosa prayboy, em troca eu nunca disse pra minha tia que ele era apaixonado pela Ju, que era como meu primo chamava carinhosamente a jumenta do meu tio que ele todo dia levava ao açude pra pegar água e otros cositas más.
Passou o tempo a Sônia amarelou, perdeu o viço, as folhas e depois de tanta punheta coitada, ela pediu arego e eu acabei cansando. Ficou uma frustação desse tempo bom, eu nunca tinha ido a um cabaré, morria de vontade quando adolescente, porem meu pai nunca me levou, eu morria de inveja das historias de meus amigos que os pais faziam questão de pagar a mais bela das putas para a iniciação deles na arte do amor. Passados dez anos, eu bem situado na vida e com um casamento a beira de um ataque de nervos, sexo não era mais problema, nem tampouco prazer. Sempre que terminavamos uma relação sexual, ela queria ter uma D.R. Pros analfabetos conjugais D.R. quer dizer discutir a relação, eu queria ler um livro, ela não deixava com a tal da D.R. Porra alguns fumam um cigarro pra disfarçar a trepada sem grande ânimo mas, eu não sou fumante caralho! Desculpem! Eu me empolguei um pouco. Voltando eu nunca tinha ido a um cabaré!!! Pronto falei, nossa que trauma...
Depois de uma década, a vida muda e o tempo se torna o senhor de todos os destinos. Um dia resolvi voltar a Tabuleiro e rever amigos e parentes, forrei a carteira pra farra me despedi da mulher na marra e fui. Depois de ver os parentes durante o dia, fui a casa de meu amigo de infância o Gilvane de Gilberto Barbeiro, pois é gente! Tabuleiro conserva uma grande tradição ibérica que é identificar as pessoas colocando adiante o nome do pai ou da mãe, profissão, defeito, característica física ou até mesmo acrescentando o nome do cônjuge ao de batismo, (isso acaba virando sobrenome) Convidei Gilvane para ir ao bar de Marluce minha prima. No caminho encontramos Sullivan de Zé Mauricio que, sabendo de nossos propósitos etílicos nos acompanhou. Descomprometidos com qualquer outra coisa que não fosse se embriagar, chegamos ao bar da Marluce e tome cerveja! Marluce ficou nos fazendo companhia e logo com seu jeito irresistível começou a lembrar nosso namoro quando eu era aquele abestaiado que morria de medo de avançar o sinal... dessa vez sem medo e com a lembrança do tesão que fazia minha cueca ficar melada, tentei avançar o sinal, mas não foi dessa vez, o sinal tava vermelho. Tudo bem perguntei onde tinha um forró pra gente poder dançar um pouco, Gilvane disse que no bar da Terciola tinha forró toda noite, convidei Marluce que falou que não ia porque não podia deixar o bar e que apesar de simpatizar com Terciola, não gostava do ambiente mas, que eu ia gostar. Me despedi da prima e fomos pra Terciola com Sullivan quase rebocado.
Chegamos ao bar. Na entrada Gilvane ia agarrando toda garota que encontrava pela frente perguntando se ela tinha sentido a falta dele, as mesmas respondiam que sim e eu, eu que sempre fui um pouco recatado achando que o Gilvane era o cara. Ambiente estranho e pra lá de esquisito, a proprietária uma baixinha gorda mais muito agradável, era muito solicitada pelos freqüentadores, mas não saia de trás do balcão a não ser, quando trazia uma cerveja para nossa mesa, eu comecei a me sentir atraído pela figura. Mais estranho ainda era a maneira das meninas se comportarem, Sullivan estava atracado com uma menina que pela analise clinica de minha visão etílica, era a mais jovem e bonita, Gilvane estava com duas, uma em cada perna e ele se revezava alisando uma de cada vez. Comecei a ficar sem ambiente, levantei da mesa e entabulei uma conversa com a Terciola que se mostrou bastante aberta a uma prosa animada regada a umas garrafas de cerveja, uma certa hora resolvi lhe fazer uma pergunta, mediante a atitude daquelas moças que uma hora sentavam no colo de um e de outro sempre alternando.
- Vem cá você pode me disser qual é a dessas garotas?
Terciola apontou com o dedo indicador e disse:
- meu filho aquela, aquela outra e aquela ali, na hora que você quiser é só chamar que lhe dou a chave do quarto, mas aquela bonitinha que esta com aquele seu amigo, ela só vai pro quarto com um cliente quando tiver curada.
Caiu a ficha. Entre o êxtase da situação e a completa perplexidade da minha inocência roubada, cheguei pro Gilvane e perguntei.
- Cara isso aqui é um Cabaré?
Ele olhou pra mim e respondeu:
- E cê tava pensando que era o quê?
Outro dia eu conto a segunda parte. (em Roliude isso vai acabá virando trilógia). Se Espilbergue ler é só deixar um comentário, prometo entrar em contrato se ele deixar um contato!!!