MASSIFICANDO A MÃE

UMA LOGOPEIA COM MASSA

“Quando eu lembro da massa da mandioca mãe, da massa...” todo um passado vem a minha mente: minha mãe enquanto amassa uma massa de pastel , outras mulheres com pratos de massa de macarrão, bolo, massa de tomate e todos os ingredientes de culinária, somente mulheres com as mãos literalmente na massa e todas aquelas com uma massa corporal enorme.

Tudo era massa, e como toda regra tem exceção, meu pai, pedreiro, não gostava quando eu pegava na argamassa. Ele mostrava toda sua massa bruta, era mal humorado e reclamava de tudo, até da comida dizendo que era massamorda. Ele era de fazer massagada, principalmente quando tomava umas pingas.

Eu vivia livre no campo, que maravilha. Mamãe permitia quase tudo. Eu não tinha massa de modelar e adorava brincar com o massapé e enquanto a minha mãe ouvia o LP de Gal Costa: “hoje vai ter que pintar, só quero a massa real, é o meu carnaval, hoje eu só quero amar”. E ela cantava junto e bem alto. Ela preparava as MASSAS ouvindo músicas. Minha mãe tinha uma boa massa cinzenta para muitas coisas: culinária, arte, psicologia e outras artes. Ela dava conselhos em forma de frases com mensagens positivas. Adorava me fazer massagem, ela sabia o poder do toque, do abraço para as relações humanas.

Quando ela sentava no seu tabuleiro, era uma verdadeira baiana. Expressava-se em tudo, e era na goela. Ela falava em MASSA de ar quente ou MASSA de ar fria. Ela entendia do tempo e sabia se iria chover ou não. Também falava em massa monetária, massa atômica ou por que a padaria da esquina teve massa falida. Ela era autodidata.

Tem coisas boas dentro da gente que, quando lembramos nos massacra, nos faz chorar. Não é à-toa que o ditado pular diz: “mãe é mãe”.

O mundo seria melhor se tivesse mães como a minha,

assim: em massa.

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menino caldas
Enviado por menino caldas em 03/08/2010
Reeditado em 04/08/2010
Código do texto: T2415573
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