Velho Horácio, o Sofredor

Velho Horácio sentado na calçada esquentando os ossos e admirando as beldades passar, mechia e virava, reclamava:

_ Ô véi qui sofre!

Minutos depois, mais:

_Ô véi qui sofre!

Dona Perciliana, contemporânea do Velho Horácio, contemporizou:

_Ô Horácio, que bobagem é essa? Sofre porquê? Situação financeira boa, famía criada, apusentado, saúde boa, dinhero no banco...

No que responde o Velho Horácio:

_Vontade de tê uma muié e num dô conta!

E, poeticamente (pois todo velho da minha terra é poeta) arremata:

"Tanta mandioca prantada

e tanta farta de farinha!

Tanta moça prendada

e meu facão sem baínha!"