VIVIDOS, OUVIDOS E RIDOS - CAUSOS DE GAÚCHO - 14 - OIGALETÊ PIOLA COMPRIDA, TCHÊ!
Início dos anos 60. Lavoura de arroz do meu pai e seus sócios, em terras do finado Mineca Rodrigues, na costa do rio Uruguai, São Borja, perto do local do levante de água, de tardezita.
Numa roda de mate, meu pai, o capataz da lavoura, o aguador16chefe, um vizinho fazendeiro, grosso que nem dedo destroncado, e meu cunhado, tenente na guarnição de São Luiz Gonzaga , naquele tempo.
Eu, piá novo, só escutando.
A charla17 girava em torno de lavoura, vida campeira (o sonho do meu pai sempre foi criar gado) etc... . quando alguém, não sei porque, olhando pro céu, comentou:
— Esse tal de Sputinik, será que vai dá pra vê, hoje?
Dizia-se que se enxergava a "luzinha" dele, quando passava.
Pra quê! l Foi a deixa para ele, que havia estudado o assunto e feito até palestra em Cruz Alta, se adonar da palavra e "proferir" uma verdadeira aula sobre satélites artificiais, estratosfera, forças magnéticas, velocidade espantosa da luz, enormes distâncias percorridas, cálculos complicados para saber quando e onde o Sputinik "cairia". A platéia (nessas alturas) não entendera nada e todos queriam mesmo era continuar falando de cavalo bom, arroz de duzentos por quadra18, etc...
Quando meu cunhado desconfiou que tinha "morrido com a cuia na mão" e foi terminar o tererê19", para recuperar a saliva, o fazendeiro deu uma ajuda mui providencial para a tão esperada mudança de assunto, dizendo:
— Ôia seu, eu não me adimira as artura que vai esse tareco, mas queria mesmo era vê o comprimento da piola20 pra puxá ele de vorta!
aguador - responsável pela irrigação
charla - conversa
quadra de arroz - 17.424 metros quadrados
tererê - mate frio
piola - corda fina
Início dos anos 60. Lavoura de arroz do meu pai e seus sócios, em terras do finado Mineca Rodrigues, na costa do rio Uruguai, São Borja, perto do local do levante de água, de tardezita.
Numa roda de mate, meu pai, o capataz da lavoura, o aguador16chefe, um vizinho fazendeiro, grosso que nem dedo destroncado, e meu cunhado, tenente na guarnição de São Luiz Gonzaga , naquele tempo.
Eu, piá novo, só escutando.
A charla17 girava em torno de lavoura, vida campeira (o sonho do meu pai sempre foi criar gado) etc... . quando alguém, não sei porque, olhando pro céu, comentou:
— Esse tal de Sputinik, será que vai dá pra vê, hoje?
Dizia-se que se enxergava a "luzinha" dele, quando passava.
Pra quê! l Foi a deixa para ele, que havia estudado o assunto e feito até palestra em Cruz Alta, se adonar da palavra e "proferir" uma verdadeira aula sobre satélites artificiais, estratosfera, forças magnéticas, velocidade espantosa da luz, enormes distâncias percorridas, cálculos complicados para saber quando e onde o Sputinik "cairia". A platéia (nessas alturas) não entendera nada e todos queriam mesmo era continuar falando de cavalo bom, arroz de duzentos por quadra18, etc...
Quando meu cunhado desconfiou que tinha "morrido com a cuia na mão" e foi terminar o tererê19", para recuperar a saliva, o fazendeiro deu uma ajuda mui providencial para a tão esperada mudança de assunto, dizendo:
— Ôia seu, eu não me adimira as artura que vai esse tareco, mas queria mesmo era vê o comprimento da piola20 pra puxá ele de vorta!
aguador - responsável pela irrigação
charla - conversa
quadra de arroz - 17.424 metros quadrados
tererê - mate frio
piola - corda fina