O CAPETINHA

O CAPETINHA

Sou comerciante a quarenta anos, tempo suficiente para aprender como se deve tratar um cliente. Se não aprendi foi por burrice mesmo. Tenho uma boa clientela. Legal por demais, gente honesta, nunca me deu preocupações com crediário. Pelo menos alguma coisa eu aprendi e faço questão de passar e exigir aos meus funcionários. É o respeito ao cliente, que mesmo estando errado, ele é o dono da razão.

Gosto de tratar as crianças com todo carinho, pois são elas, os clientes do futuro. Essa técnica tem me rendido um bom resultado. Crianças que vi correndo ainda bebês, atualmente são meus clientes. E bons clientes, nata pura!

Mas como diz o ditado nem tudo que balança cai, nem tudo que reluz é ouro! Tem dia da caça e também do caçador. Dia destes atendi ao telefone uma voz de um garotinho ou garotinha sei lá! – Alô é o Geraldinho que tá falando? – Sim sou eu! – Senhor tem feijão preto... Mamãe quer, pra feijoada! Tenho sim! – Geraldinho senhor tem

fucinho de porco?- Um momento, deixe-me verificar! Chamei o funcionário responsável pelo açougue, conferi com ele voltei ao telefone, falei para o garoto, - olha tenho todos os ingredientes para feijoada! O, ou a, pilantrinha perguntou novamente! – senhor tem fucinho de porco?- Tenho sim! – pois olha se o senhor ficar com vontade de fuçar algum barranco, ou der vontade de comer milho seco ou lavagem, essas coisas que porco gosta de fazer! Corra para o hospital porque pode ser a gripe suína! E vou ficar muito triste, porque gosto muito do senhor e não quero que morra de jeito nenhum!

Deu vontade de moer o moleque! Eu o tratando com todo respeito, no maior carinho! E o capetinha me chamando de porco!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 25/03/2010
Reeditado em 26/03/2010
Código do texto: T2157957
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