XÔ BICHO
XÔ BICHO
Todo apelido ou nome de um lugar qualquer, tem um fator que motivou sua denominação. Acontecimentos, alguns pitorescos, outros sem importância, às vezes trágicos.
No ano de 1956 freqüentando escola, eu morava com meu avô em Bom Despacho. A Praça Altino Teodoro na época, era conhecida pelo nome de Laguinho de São Pedro, era ocupada por açougues, selarias, padaria, algumas vendas e o ponto de parada de ônibus e das tradicionais jardineiras. Não havia calçamento. Devido o numero de açougues se tornou no reduto dos cachorros, atraídos pelos resíduos que eram produzidos por eles. Era também o ponto preferido dos loucos da cidade que não eram poucos. Aglomeravam-se lá quase vinte quatro horas por dia. Ali a turma de dementes enchia o chifre de cachaça e promoviam seus mais variados espetáculos. Tinha um elemento maltrapilho conhecido por Xô Bicho, este era um dos mais assediados pela molecada. Virava uma arara quando alguém gritava seu apelido. Era natural de Dores do Indaiá, e vivia perambulando em Bom Despacho agrupado a seus demais colegas. Contavam que seu apelido originou pelo fato de ter faltado com respeito de uma dona na zona rural de Dores. Muito unida à família se reuniu querendo passar-lhe uma lição, decidiram por castrá-lo, levaram-no a uma várzea à margem do Velho Chico. Na hora da pega pra capa, avistaram uma vaca morta, mudaram de idéia enfiou ele dentro da vaca, costuraram deixando apenas sua cabeça pra fora. Quando vieram os urubus em numero de duzentos ou mais. Sua única alternativa era gritar “XÔ BICHO”! Só no dia seguinte ele fora encontrado por um parente que dera por sua falta e saiu a sua procura. Bastava algum moleque gritar (XÔ BICHO) era só palavrão e zumbido de pedras que se ouvia.