A ameba intelectual
Isso que dá quando a gente acha uma lâmpada e não sabe conversar. Podia três desejos, e de tanto grugunhar, acho que o gênio não entendeu o meu pedido. Virei ameba, mas como não sei direito Biologia, bem podia ser outro organismo unicelular.
Sabia pensar, mas, como não tinha boca, não podia mais falar, então não pedi os outros dois. Dispensei o gênio com um aceno de cabeça (cabeça?), peguei a estrada e fui procurar outros dos meus. Para quem não sabe, a ameba também é um ser social.
Cheguei na colônia, e tinha tanta história pra contar. Formou-se um círculo de amebas curiosas ao meu redor, mas não dava para falar. Tremia, chacoalhava, mas a voz não saia, tentei linguagem de sinais, e como a coisa estava chata, começaram a debandar. Parei, pensei.
Podia não ter sido o mais inteligente dos homens, mas o pouco que eu sabia fazia muita fartura em um meio tão carente de filosofia. Como sou ameba intelectual, é mais que minha obrigação levar todo aquele conhecimento para o meu povo. Como meus recursos eram poucos, fiquei muito agressivo. Dei voadora e tapa na orelha, igual aos filmes do Bruce Lee.
Depois do susto, me refiz do descontrole, notei que estavam assustadas e me olhavam curiosas. A juventude católica até me repudiou, mas as outras jovens começaram a me cercar, queriam aprender o Kung Fu. Montei um templo Shaolin.
Pois é, gente boa. Essa é a história da primeira ameba que aprendeu o Kung Fu. Podem ficar preparados, se a humanidade já começou a tropeçar, nós, amebas, começamos a caminhar. Quanto tempo foi que Darwin disse que demorava, mesmo?
Como ameba vive pouco, acho que não vai uma semana até a bomba nuclear.