O CAPETA LUTA JUDÔ!!
Quando eu era adolescente era praticante de judô, cheguei até a faixa laranja, que é um nível intermediário na graduação do esporte. Eu era quase uma “Brastemp” e para bobo não servia.
Lá pelos meus trinta e poucos anos de idade, inscrevi meu filho numa academia e ao assistir algumas aulas bateu o saudosismo e como tinha vários alunos da minha idade e com compleição física similar com a minha acabei voltando a praticar.
Minha sensei (instrutora), sabendo que eu já tinha sido praticante, me perguntou se eu queria ficar com a faixa laranja ou começar da faixa branca. Como não sou bobo, aleguei que preferia ser um faixa branca “excepcional” do que um faixa laranja “medíocre”.
E assim foi... é da natureza do ser humano subestimar os outros por estereótipos ou aparência.. quando eu pegava alguns adversários que não me conheciam, era cômico ver a cara deles passar de arrogância para espanto quando eram derrubados rapidamente. Sempre tive uma força física acima da média principalmente nas pernas e também conservava uma certa técnica, ainda por cima lutando com adversários de nível inferior ou de mesmo nível que me subestimavam. Logo virei o “aluno prodígio” da academia. Nesta fase: Eu “achava” que era quase uma Brastemp, mas para bobo não servia.
Comecei a ter bom desempenho com adversários bem mais graduados do que eu, para falar a verdade só tinha um faixa preta que me vencia com certa facilidade, os demais a luta era bem parelha, ora eu ganhava, as vezes perdia e muitas vezes as lutas terminavam empatadas.
Sempre tive um espírito muito competitivo e “achando que tava podendo” não foi difícil a minha “sensei” me convencer a entrar no campeonato estadual integrando a equipe da academia. Desde os vinte anos (infelizmente) sou fumante e sabia que o fôlego ia ser um problema, até uns dois minutos de luta a coisa ia bem, depois disso meu nível caia consideravelmente, faltava pulmão, faltava perna, faltava tudo.. Mas... Nesta época eu era um bobo achando que era uma “Brastemp”.
Vou explicar pra vocês, a maioria dos campeonatos de judô as categorias não são divididas por faixas ou nível técnico. O critério é simples: idade e peso.
Adivinha onde eu fui me meter? Peguei categoria Máster acima de 80Kg. Ou seja, só pessoas muito experientes, fortes e a maioria faixa roxa, marrom ou preta (nesta ordem, as graduações mais altas do esporte).
Durante o campeonato, já na primeira luta eu vi que a coisa ia ser foda.. Passei aos trancos e barrancos pelas classificatórias (não me perguntem como porque nem eu sei).
Quando chegou na fase de decisão, enfrentei um faixa marrom praticamente do meu porte físico. Ao ver a cara esnobe do meu adversário ao olhar para minha faixa, vi que tinha uma certa chance... fiquei me fazendo de morto... dando a entender que estava me defendendo “na sorte” ou atrapalhadamente... ele começou a aplicar uns golpes meio desleixados... até que acabou baixando a guarda e lhe apliquei um golpe desconcertante, quase lhe aplicando um “ipon” (nocaute).. mas o bicho conseguiu se escapar no susto (agora foi ele).. e a luta pegou preço... fui para cima com tudo.. tentando utilizar ao máximo meus “dois minutos de fôlego.. a luta ficou franca.. mas o danado não era bobo.. e conforme fui ficando mais fraco ele conseguiu aplicar alguns golpes parciais e acabou vencendo a luta por pontos.. Mas tive o prazer de vê-lo escutar na frente de todo mundo a minha instrutora aos berros me dar uma “putiada” dizendo:
- Tu perdeu esta luta não foi pra ele... Foi pro cigarro!!!
A penúltima luta foi contra um faixa roxa, ele tinha boa técnica mas acabou cansando antes de mim e consegui aplicar um golpe certeiro e vencê-lo por ipon.
Na minha última luta foi quando o conheci: o capeta em pessoa. Para quem nunca viu, vou dizer como ele é: ele é negro... é faixa preta em judô.. tão forte e maciço que dá os ares de um minotauro sem guampas (isso mesmo... esta história do demo ter chifres é lenda)..
A luta (se é que se pode chamar assim) mal começou e eu senti que ia dar merda pro meu lado... ele avançou para aplicar um golpe e eu me esquivei... ele calmamente avançou para trás e arremeteu novamente e aplicou um “seoinage”, um golpe que imobiliza o braço do adversário e o lança por sobre o próprio pescoço (resumindo.. o cara literalmente voa pelos ares)... ao invés de me esquivar.. meu erro foi bloquear inicialmente a investida e “medir” forças com ele... basta dizer que a medição de forças durou pouco.... depois disso sei exatamente o que significa a expressão: ser atirado de qualquer jeito como se fosse um saco de batatas..
Bom... no frigir dos ovos... milagrosamente ainda consegui tirar o terceiro lugar no campeonato.. mas acho que o preço foi caro... acho que foi ali que nasceram minhas duas hérnias de disco na coluna...
Depois que me refiz do susto... fui até a minha mulher para pegar a máquina fotográfica, já que ela tinha ficado com a missão de fazer os devidos registros pra posteridade... Qual não foi minha surpresa enquanto repassava as imagens ao ver que ela não tinha batido nenhuma foto da minha fatídica e heróica luta... Fiquei tão irritado que tasquei aos gritos:
- Porra!! Que descaso!!! Que má vontade!!! Que falta de consideração!! Isso é o que da pedir favor pras pessoas!!! Eu quase vou parar no hospital lutando com aquele capeta disfarçado de faixa preta e tu conseguiu a façanha de não tirar nem uma foto sequer???
Ao que a minha mulher respondeu irritada....
- Eu bem que tentei... mas façanha teria sido se eu conseguisse tirar alguma foto em dois segundos, que foi o tempo que durou o que tu esta chamando de luta...........
...........................................é ...eu bem que poderia ter passado sem esta...
PARA LER MAIS HISTÓRIAS COMO ESTA ACESSE:
www.cesarfonseca.recantodasletras.com.br
Quando eu era adolescente era praticante de judô, cheguei até a faixa laranja, que é um nível intermediário na graduação do esporte. Eu era quase uma “Brastemp” e para bobo não servia.
Lá pelos meus trinta e poucos anos de idade, inscrevi meu filho numa academia e ao assistir algumas aulas bateu o saudosismo e como tinha vários alunos da minha idade e com compleição física similar com a minha acabei voltando a praticar.
Minha sensei (instrutora), sabendo que eu já tinha sido praticante, me perguntou se eu queria ficar com a faixa laranja ou começar da faixa branca. Como não sou bobo, aleguei que preferia ser um faixa branca “excepcional” do que um faixa laranja “medíocre”.
E assim foi... é da natureza do ser humano subestimar os outros por estereótipos ou aparência.. quando eu pegava alguns adversários que não me conheciam, era cômico ver a cara deles passar de arrogância para espanto quando eram derrubados rapidamente. Sempre tive uma força física acima da média principalmente nas pernas e também conservava uma certa técnica, ainda por cima lutando com adversários de nível inferior ou de mesmo nível que me subestimavam. Logo virei o “aluno prodígio” da academia. Nesta fase: Eu “achava” que era quase uma Brastemp, mas para bobo não servia.
Comecei a ter bom desempenho com adversários bem mais graduados do que eu, para falar a verdade só tinha um faixa preta que me vencia com certa facilidade, os demais a luta era bem parelha, ora eu ganhava, as vezes perdia e muitas vezes as lutas terminavam empatadas.
Sempre tive um espírito muito competitivo e “achando que tava podendo” não foi difícil a minha “sensei” me convencer a entrar no campeonato estadual integrando a equipe da academia. Desde os vinte anos (infelizmente) sou fumante e sabia que o fôlego ia ser um problema, até uns dois minutos de luta a coisa ia bem, depois disso meu nível caia consideravelmente, faltava pulmão, faltava perna, faltava tudo.. Mas... Nesta época eu era um bobo achando que era uma “Brastemp”.
Vou explicar pra vocês, a maioria dos campeonatos de judô as categorias não são divididas por faixas ou nível técnico. O critério é simples: idade e peso.
Adivinha onde eu fui me meter? Peguei categoria Máster acima de 80Kg. Ou seja, só pessoas muito experientes, fortes e a maioria faixa roxa, marrom ou preta (nesta ordem, as graduações mais altas do esporte).
Durante o campeonato, já na primeira luta eu vi que a coisa ia ser foda.. Passei aos trancos e barrancos pelas classificatórias (não me perguntem como porque nem eu sei).
Quando chegou na fase de decisão, enfrentei um faixa marrom praticamente do meu porte físico. Ao ver a cara esnobe do meu adversário ao olhar para minha faixa, vi que tinha uma certa chance... fiquei me fazendo de morto... dando a entender que estava me defendendo “na sorte” ou atrapalhadamente... ele começou a aplicar uns golpes meio desleixados... até que acabou baixando a guarda e lhe apliquei um golpe desconcertante, quase lhe aplicando um “ipon” (nocaute).. mas o bicho conseguiu se escapar no susto (agora foi ele).. e a luta pegou preço... fui para cima com tudo.. tentando utilizar ao máximo meus “dois minutos de fôlego.. a luta ficou franca.. mas o danado não era bobo.. e conforme fui ficando mais fraco ele conseguiu aplicar alguns golpes parciais e acabou vencendo a luta por pontos.. Mas tive o prazer de vê-lo escutar na frente de todo mundo a minha instrutora aos berros me dar uma “putiada” dizendo:
- Tu perdeu esta luta não foi pra ele... Foi pro cigarro!!!
A penúltima luta foi contra um faixa roxa, ele tinha boa técnica mas acabou cansando antes de mim e consegui aplicar um golpe certeiro e vencê-lo por ipon.
Na minha última luta foi quando o conheci: o capeta em pessoa. Para quem nunca viu, vou dizer como ele é: ele é negro... é faixa preta em judô.. tão forte e maciço que dá os ares de um minotauro sem guampas (isso mesmo... esta história do demo ter chifres é lenda)..
A luta (se é que se pode chamar assim) mal começou e eu senti que ia dar merda pro meu lado... ele avançou para aplicar um golpe e eu me esquivei... ele calmamente avançou para trás e arremeteu novamente e aplicou um “seoinage”, um golpe que imobiliza o braço do adversário e o lança por sobre o próprio pescoço (resumindo.. o cara literalmente voa pelos ares)... ao invés de me esquivar.. meu erro foi bloquear inicialmente a investida e “medir” forças com ele... basta dizer que a medição de forças durou pouco.... depois disso sei exatamente o que significa a expressão: ser atirado de qualquer jeito como se fosse um saco de batatas..
Bom... no frigir dos ovos... milagrosamente ainda consegui tirar o terceiro lugar no campeonato.. mas acho que o preço foi caro... acho que foi ali que nasceram minhas duas hérnias de disco na coluna...
Depois que me refiz do susto... fui até a minha mulher para pegar a máquina fotográfica, já que ela tinha ficado com a missão de fazer os devidos registros pra posteridade... Qual não foi minha surpresa enquanto repassava as imagens ao ver que ela não tinha batido nenhuma foto da minha fatídica e heróica luta... Fiquei tão irritado que tasquei aos gritos:
- Porra!! Que descaso!!! Que má vontade!!! Que falta de consideração!! Isso é o que da pedir favor pras pessoas!!! Eu quase vou parar no hospital lutando com aquele capeta disfarçado de faixa preta e tu conseguiu a façanha de não tirar nem uma foto sequer???
Ao que a minha mulher respondeu irritada....
- Eu bem que tentei... mas façanha teria sido se eu conseguisse tirar alguma foto em dois segundos, que foi o tempo que durou o que tu esta chamando de luta...........
...........................................é ...eu bem que poderia ter passado sem esta...
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