A Mímica da Professora

Visitando o meu Ceará mato a saudade de lindas paisagens. Nesta época de chuvas, numa incrível mudança, o verde toma conta de boa parte do cenário. Bem diferente dos meses de setembro a dezembro, chamados borrobros, quando a cor cinza monopoliza as imagens do sertão.

Observando a bucólica paisagem e sua incrível mudança de cores, lembrei das aulas na sexagenária Escola de Primeiro Grau José Correia Lima, quando minha mãe Terezinha tornou-se também minha professora. Era o ano de 1977 e eu cursava a terceira série do falecido primeiro grau, hoje ensino fundamental.

Toda a turma estava reunida resolvendo uma prova escrita de geografia. Em cópias reproduzidas no velho mimeógrafo, com uso de estêncil e em papel com cheiro de álcool, os ansiosos alunos buscavam responder várias perguntas, entre as quais a seguinte: Qual a vegetação típica do semi-árido nordestino ?

No meio da turma, meu querido colega Francisco Eduardo Bitu de Freitas, sempre muito traquino e esperto, passou a insistir com a professora:

- Tia Terezinha, por favor, dê só uma dica dessa questão.

Depois de muita insistência de Eduardo, a professora, diante de toda turma, fez apenas um gesto, com uma das mãos abanando na frente do nariz.

O persistente e astuto aluno Eduardo preencheu e devolveu sua prova com a resposta esperada: CAATINGA. Porém, no exame escrito de outro estudante, a professora encontrou uma surpreendente resposta: BUFA.

Minha mãe guarda a sete chaves o nome do estudante, pois, mesmo com nossa imensa curiosidade, até hoje não revelou quem foi o autor da original resposta da prova de geografia.