O PODEROSO CHECÃO
por Dolce Vita & Bernardo Brum
Tenho, mais uma vez, o prazer inenarrável, para não dizer, indescritível, de entrevistar uma das figuras mais polêmicas, instigantes, multifacetadas e provocadoras do cinema.
Hoje teremos a oportunidade de conhecer o personagem real que inspirou o escritor Mario Putz a escrever "O Poderoso Checão" , adaptado para o cinema pelo consagrado diretor Francis Ford Opalla.
Com vocês, Don Corleôncio, o mafioso de Jericó.
Dolce Vita: - Don Corleôncio, como Mario Putz descobriu o senhor?
Don Corleôncio: - Em uma rave... Digo, em uma reunião com o meu consegliére.
Dolce Vita: - O senhor cobrou muito caro para contar todos os segredos da Coisa Ostra?
Don Corleôncio: - Eu suponho que signore Mario Putz deve ter gasto muito no bar após pagar quinze taças de vinho tinto para mim...
Dolce Vita: - Como o senhor definiria sua vida de mafioso em Jericó?
Don Corleôncio: - Ganhamos milhares de sanduíches de pão sírio traficando bijuterias, roupas de brechó e garfos de dois dentes apenas. Foi uma boa época, acima de tudo.
Dolce Vita: - Qual a emoção de se tornar personagem principal do filme "O Poderoso Checão" de Francis Ford Opalla?
Don Corleôncio: - Me senti honrado. Não posso descrever minha imensa emoção com a interpretação efeminada de Marlon, O Brando, para essa figura histórica que eu represento.
Dolce Vita: - O senhor acha que Marlon foi muito brando com este aspecto afeminado na composição do seu personagem?
Don Corleôncio: - As más línguas dizem que ele encontrou o ponto certo e representou com perfeição. Eu faria mais afetado.
Dolce Vita: - É verdade que o senhor queria John Vai Volta para o papel, mas ele estava filmando "Crise"?
Don Corleôncio: - É verdade. Mas ele soube interpretar com perfeição outro aspecto importantíssimo da minha vida, em " Os Embalos de Domingo na Missa".
Dolce Vita: - Por falar nisso, o senhor confirma que o filme "Irmão Só, Irmã na Rua", de Franco Z. Pirelli, faz parte da lista dos seus filmes prediletos?
Dolce Vita: - Sim, inclusive me chamaram de autoritário quando ordenei que esse filme passasse durante dois meses, sem interrupção, nos cinemas e televisão de Jericó. Não concordo.
Dolce Vita: - Quantos cinemas existem em Jericó, além do Cineclube Corleôncio?
Don Corleôncio: - Nenhum. As pessoas assistem filmes que eu escolho. Não ouvimos falar de dissidentes. Não por muito tempo.
Dolce Vita: - O senhor sempre foi adepto da lei do silêncio, muito antes do cinema mudo?
(Após dez minutos em silêncio, penso que sim, mas o entrevistado resolve falar):
Don Corleôncio: - Já proibia qualquer tipo de manifestação verbal antes da invenção da escrita. Não, não havia nascido nessa época. Mas já estava proibido.
Dolce Vita: - Por aqui tudo acaba em pizza?
Don Corleôncio: - Só as coisas importantes.
Dolce Vita: - Como o senhor gosta de passar o tempo em Jericó?
Don Corleôncio: - O tempo é que passa por mim, assim mesmo só com autorização prévia!
Dolce Vita: - Foi um prazer e uma honra indescritível entrevistá-lo.
Don Corleôncio: - Você é modesta!
(*) Imagem Google
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