ALMOÇO SURPRESA DO SEU PRAXEDES
Uma vez por ano o Seu Praxedes dá uma trégua para a ingestão dos inúmeros remédios caseiros que ele mantém guardado na sua despensa e ocupa a mente com a preparação de uma refeição entre amigos que serve para celebrar o dia do seu aniversário.
Nesse dia especial, geralmente é servido um almoço ou um jantar para um contingente de pouco mais de dez pessoas de seu convívio e o cardápio dessa refeição varia a cada ano.
Os fofoqueiros de plantão apostam que neste ano será servido um almoço especial, em que pese à precariedade das condições financeiras do anfitrião na atual conjuntura.
Eles afirmam que o Seu Praxedes já providenciou a compra dos ingredientes necessários para a preparação do seu almoço surpresa e na lista de compras, além de um frango vivo de cor preta de quase dois quilos, constavam alguns dos itens relacionados abaixo:
Duas cebolas, uma porção de sal equivalente a uma colher de sopa; seis colheres de sopa de vinagre; quatro colheres de sopa de óleo; uma colher de sopa de salsinha picada; uma folha de louro; um tomate picado, um copo de água mineral; uma colher de sopa de farinha de trigo; dois dentes de alho e pimenta do reino.
Assim que os ingredientes chegaram do armazém Seu Praxedes os entregou juntamente com o frango vivo à cozinheira novata incumbida de preparar o almoço. Ele ficou ali acompanhando todos os preparativos e antes de sair da cozinha observou que ela seguiu um ritual meio macabro no momento de matar o frango.
Primeiro, ela decepou o pescoço da ave, deixou o sangue escorrer para um prato fundo que já continha cinco colheres de sopa de vinagre e em seguida mexeu toda aquela mistura antes que o sangue coagulasse e o suposto ritual parecia não terminar mais.
As penas do frango foram arrancadas com uma pinça, o corpo teve de ser aberto com o uso de um estilete virgem, depois lavado em água corrente e cortado em pedaços grandes. Á parte, um molho foi preparado cuidadosamente. Nele continha um pouco de sal, uma cebola picada, um alho socado, pimenta-do-reino e uma colher de vinagre. Deixou os pedaços de frango durante uma hora embebidos no molho e depois eles foram fritos no óleo.
Quando os pedaços de frangos estavam dourados ela decidiu juntá-los ao tempero onde eles haviam ficado de molho antes. Em seguida ela adicionou a salsinha, a folha do louro, o tomate e a outra cebola picada.
Cozinhou tudo em fogo brando por um período de mais um menos cinco minutos. Acrescentou um pouco de água e manteve no fogo bem baixo, até os pedaços ficarem macios. Noutras panelas à parte o feijão, o arroz e o macarrão foram cuidadosamente preparados pela esposa do anfitrião.
Para coroar aquele ritual estranho, a cozinheira juntou um pouco da sobra do sangue com o vinagre e a farinha, deixando tudo cozinhar lentamente na intenção de engrossar um pouco o molho e, finalmente, o almoço estava pronto para ser servido.
As pessoas presentes, a começar pelo Seu Praxedes, ficaram meio ressabiadas com o ritual estranho que a cozinheira empregou para preparar aquela refeição que ela deu o nome de “almoço especial”.
Em princípio, ninguém queria provar do frango, imaginando talvez que toda aquela "preparação" usada pela cozinheira novata fizesse parte de alguma sessão de magia negra ou coisa do gênero.
Todos estranharam a cor do molho. Era uma coloração diferente, meio parda. O cheiro exalado dos pedaços de frango era de fechar o comércio...
A cozinheira saiu um pouco para trocar de roupa e quando se sentou à mesa para preparar o seu prato, falou em voz alta com o intuito de animar a todos:
- Eu já fiz o meu prato, mas pelo que vejo a falta de apetite de todos, inclusive do Seu Praxedes, é muito grande. Ninguém provou da mistura até agora.
- Será que eu vou ter de comer sozinha este frango ao molho pardo?
Nem é preciso dizer que nem os cães da casa do Seu Praxedes conseguiram comer do tal frango ao molho pardo. E nem poderia, pois não sobrou nem os ossos. Estava tudo tão bem preparado...
Uma vez por ano o Seu Praxedes dá uma trégua para a ingestão dos inúmeros remédios caseiros que ele mantém guardado na sua despensa e ocupa a mente com a preparação de uma refeição entre amigos que serve para celebrar o dia do seu aniversário.
Nesse dia especial, geralmente é servido um almoço ou um jantar para um contingente de pouco mais de dez pessoas de seu convívio e o cardápio dessa refeição varia a cada ano.
Os fofoqueiros de plantão apostam que neste ano será servido um almoço especial, em que pese à precariedade das condições financeiras do anfitrião na atual conjuntura.
Eles afirmam que o Seu Praxedes já providenciou a compra dos ingredientes necessários para a preparação do seu almoço surpresa e na lista de compras, além de um frango vivo de cor preta de quase dois quilos, constavam alguns dos itens relacionados abaixo:
Duas cebolas, uma porção de sal equivalente a uma colher de sopa; seis colheres de sopa de vinagre; quatro colheres de sopa de óleo; uma colher de sopa de salsinha picada; uma folha de louro; um tomate picado, um copo de água mineral; uma colher de sopa de farinha de trigo; dois dentes de alho e pimenta do reino.
Assim que os ingredientes chegaram do armazém Seu Praxedes os entregou juntamente com o frango vivo à cozinheira novata incumbida de preparar o almoço. Ele ficou ali acompanhando todos os preparativos e antes de sair da cozinha observou que ela seguiu um ritual meio macabro no momento de matar o frango.
Primeiro, ela decepou o pescoço da ave, deixou o sangue escorrer para um prato fundo que já continha cinco colheres de sopa de vinagre e em seguida mexeu toda aquela mistura antes que o sangue coagulasse e o suposto ritual parecia não terminar mais.
As penas do frango foram arrancadas com uma pinça, o corpo teve de ser aberto com o uso de um estilete virgem, depois lavado em água corrente e cortado em pedaços grandes. Á parte, um molho foi preparado cuidadosamente. Nele continha um pouco de sal, uma cebola picada, um alho socado, pimenta-do-reino e uma colher de vinagre. Deixou os pedaços de frango durante uma hora embebidos no molho e depois eles foram fritos no óleo.
Quando os pedaços de frangos estavam dourados ela decidiu juntá-los ao tempero onde eles haviam ficado de molho antes. Em seguida ela adicionou a salsinha, a folha do louro, o tomate e a outra cebola picada.
Cozinhou tudo em fogo brando por um período de mais um menos cinco minutos. Acrescentou um pouco de água e manteve no fogo bem baixo, até os pedaços ficarem macios. Noutras panelas à parte o feijão, o arroz e o macarrão foram cuidadosamente preparados pela esposa do anfitrião.
Para coroar aquele ritual estranho, a cozinheira juntou um pouco da sobra do sangue com o vinagre e a farinha, deixando tudo cozinhar lentamente na intenção de engrossar um pouco o molho e, finalmente, o almoço estava pronto para ser servido.
As pessoas presentes, a começar pelo Seu Praxedes, ficaram meio ressabiadas com o ritual estranho que a cozinheira empregou para preparar aquela refeição que ela deu o nome de “almoço especial”.
Em princípio, ninguém queria provar do frango, imaginando talvez que toda aquela "preparação" usada pela cozinheira novata fizesse parte de alguma sessão de magia negra ou coisa do gênero.
Todos estranharam a cor do molho. Era uma coloração diferente, meio parda. O cheiro exalado dos pedaços de frango era de fechar o comércio...
A cozinheira saiu um pouco para trocar de roupa e quando se sentou à mesa para preparar o seu prato, falou em voz alta com o intuito de animar a todos:
- Eu já fiz o meu prato, mas pelo que vejo a falta de apetite de todos, inclusive do Seu Praxedes, é muito grande. Ninguém provou da mistura até agora.
- Será que eu vou ter de comer sozinha este frango ao molho pardo?
Nem é preciso dizer que nem os cães da casa do Seu Praxedes conseguiram comer do tal frango ao molho pardo. E nem poderia, pois não sobrou nem os ossos. Estava tudo tão bem preparado...