ADEQUANDO UMA VELHA RECEITA

 

A mais recente campanha preventiva colocada em prática pelos governantes brasileiros, visando ao combate da ingestão de bebida alcoólica por parte dos motoristas que não conseguem abster-se dela antes de estarem frente ao volante de um veículo, está dando o que falar lá na comunidade Cafundós do Judas.

Enquanto os órgãos fiscalizadores das grandes e médias cidades se valem dos recursos oferecidos pelo uso do bafômetro (um aparelho analisador do ar exalado dos pulmões de quem consumiu a bebida e que serve para determinar o grau de concentração de álcool no organismo do indivíduo abordado) e da aplicação de multas “pesadas”, lá em Cafundós do Judas muito pouco se faz nesse sentido, e os agentes de transito procuram se virar do jeito que podem...

Dia desses, o agricultor Jô Formigon se viu em apuros, quando estava ao volante do seu carro, após participar ativamente de uma festa entre amigos. Ao passar por uma dessas barreiras policiais montadas para fiscalizar motoristas infratores, foi parado por um policial, que depois de verificar a documentação de praxe, tentou induzir que ele estava alcoolizado, dizendo:

- Percebo que sua voz está meio embargada... Seus olhos estão meio caídos e, a propósito, quantas “latinhas”, bem geladas, o senhor tomou hoje?

Jô Formigon ficou possesso com a suposta acusação de embriaguez ao volante de um veículo, feita de forma descabida por aquele policial e tentando não perder a estribeira, àquela altura dos acontecimentos, retrucou:

- Seu policial, eu não bebi nenhuma gota de álcool hoje. Eu me lembro de ter tomado algumas latas de guaraná, bem geladas, numa roda de amigos, assim que saí do meu trabalho e agora estou indo para minha casa, tomar um chá quente, para aliviar a dor da minha garganta, motivada pela baixa temperatura do liquido que estava dentro das referidas latas.

O policial ficou meio chateado com a “falta de sorte”, decerto, porque ele não tinha conseguido reunir provas robustas para um eventual flagrante e, em tom de ironia, disse:

- Dá para perceber que o senhor está meio adoentado, por isso já vou liberá-lo para seguir viagem. Mas antes que me esqueça, sugiro que, em chegando à sua casa, faça uma infusão com algumas folhas de boldo e tome-a, não muito quente, que será um santo remédio. Certamente, isso irá fazer bem à sua garganta e, quem sabe, ao seu fígado também – completou.

Jô Formigon saiu dali muito chateado e jurava, por Deus, que não estava bêbado, somente com uma dor de garganta. Afinal, ele tinha bebido apenas o conteúdo de quatro latinhas de cerveja de 330 ml cada uma... menos da metade do que havia ingerido no conforto do seu lar no dia anterior.
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 23/07/2009
Reeditado em 04/02/2023
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