Cutelo, o Filósofo VIII
Nosso filósofo, certa vez, teve problemas intestinais e procurou o médico. (Médico novo e novo na cidade, desconhecedor dos trâmites linguísticos daquele povo). Pois bem vamos à consulta:
_ Bom dia, dotô. Com'vai, com'passou? Vim aqui, mode que tô incaiado, já tem uns treis dia queu num a amarro um gato.
_ Senhor, Cutelo, o senhor toma um destes comprimidos aqui hoje a noite e outro amanhã de manhã e, depois de amanhã, o seu retorna para sabermos o resultado. - e tascou-lhe um laxante.
O filósofo segue direitinho os passos e levou uma vida de rei naqueles dias (da cama para o trono e do trono para a cama). Voltou. O médico atarefado, muita consulta para atender, viu o filósofo ali meio desconfiado e perguntou no corredor mesmo:
_Senhor Cutelo, o Senhor evacuou?
Filosófo desconfiado, matutou: "Sei lá que diabéisso?" Respondeu:
_Não!
O médico manda-lhe dobrar a dosagem e voltar no dia seguinte. Feito! E haja papel para tanta diárreia.
Volta o filósofo, meio verde e andando meio torto, com medo até de respirar. Mesma pergunta mesma resposta. Dobro da dose novamente.
Cutelo agora já com pesadelo real: sem poder sair do trono. Vai a consulta:
_Senhor Cutelo, o senhor evacuou?
_Não!
O médico já preocupado, cismando: "não é possível, com esta dose cavalar de laxante, solta o intestino até de um cavalo". (Óbvio ululante, né?). Reformula a pergunta:
_Senhor Cutelo, o senhor cagou?
_Aaaaaiiiiiiii, dotô! Até a aima!