Acontece nos velórios.
No velório de um amigo
Muita gente lá havia e
Dividida em vários grupos
Distintos, estranhos, perdidos
O grupo da entrada a sorrir
De gargalhar, sem se dar
Conta que lá dentro o
Povo estava triste a rezar
Era o grupinho das piadas
Que em todo velório há
Cada um contava uma
Sem a cabeça esquentar
Adiante estava outro grupo
Que vivia a questionar qual
Foi a causa mortis, afinal,
Que a tal fulano levou além?
Novo grupo, avistei, estava
a se lamentar: se tivéssemos
nós levado-o a outro hospital
o defunto ali não estaria
Bem ao lado do ataúde
O último grupo a chorar
Derramava suas lágrimas
a se perguntar: por que?
Finalmente cheguei perto
Do esquife concluindo:
O único calado por ali
Era o que deitado estava.