PARA O PAPA...O QUÊ?
Eu vou lhes recontar uma história incrível e muito engraçada que me contaram, porém não sei se conseguirei retratar o caso na sua íntegra veracidade hilariante. Quem me contou teatralizava o ocorrido.
Ela vinha dum outro estado, dum local bem distante da capital paulistana, a procura de atendimento básico de saúde.
Pessoa bem simples, de poucas letras e de parco entendimento,mas como toda mulher sabia das necessidades dos exames periódicos de rotina, como mamografia e o papa...nicolau, esse no qual se colhe células para a prevenção de tumores de colo de útero.
Bem , já completara trinta e cinco anos, cinco filhos, nunca havia feito o tal preventivo do útero.
Aliás muito pouco conhecia de cuidados e de procedimentos de saúde.
Sabia que o exame começava com um tal de papa, mas não tinha muita certeza...que papa era. Aquele nome sempre lhe soava meio esquisito...
Na sua cidade, até havia um postinho de atendimento básico bem equipado, mas nos últimos anos o prefeito não mais pagava os funcionários da saúde eo pessoal debandou de lá.
Ao visitar a irmã aqui na capital, aproveitou para procurar uma unidade para realizar o seu primo exame.
Parou no balcão e nada falou. Até que alguém lhe perguntou algo.
-A senhora...
-Eu?
-Sim, a senhora vem a quê?
-Eu venho ao PAPA!
A funcionária do balcão, muito gentil logo a entendeu, fez a ficha e a encaminhou a sala.
-Ah sim, o exame de papanicolau, por favor, a senhora suba as escadas e vire à direita. Depois é só aguardar.
Fez o que lhe mandaram e ficou sentadinha esperando o chamado. Aquilo tudo lhe era totalmente novo, a unidade, os aparelhos e a situação. Nem sabia muito bem como se portar. Estava angustiada.
-Senhora Florisalva da Silva Cavalcanti.
Respírou fundo.Chegara a sua vez. Libertaria-se de toda vergonha, e se deixaria examinar.Aliviou-se quando viu que os profissionais da sala eram mulheres...como ela. Ficou mais tranquila.
-Por favor, a senhora pode se deitar aqui, lhe falou uma profissional.
Florisalva não teve dúvidas.
De súbito, e muito à vontade, despiu-se de toda a roupa, inclusive da íntima, e estranhamente deitou -se de bum-bum para cima...numa cama um tanto diferente, incômoda, mas ficou lá, esperando a profissional se paramentar.
Alguém de máscara cirùrgica se aproximou e...:
-Vamos lá então...não precisa ter medo...ma..mas o que é isso, senhora Florisalva?
-Isso é para o Papa, moça!
Dona Florisalva estava na sala errada. Subira as escadas. Até ali acertara! Mas...virara à esquerda ao invés da direita e foi parar na cadeira do DENTISTA, que por sinal estava estarrecida com a cena surreal! Toda vez que lembra ou conta o fato fica mais estarrecida ainda.
Disse-me que foi uma correria.
-Senhora Florisalva, a senhora está na cadeira errada. Aqui cuidamos dos dentes...pode colocar a roupa...
Nunca se tinha visto uma situação tão inusitada naquela unidade.
É por isso que digo, aqui nessa terra brasilis, há muito para se contar.
E quando se pensa que as histórias acabaram, a vida nos inventa tantas outras...inéditas!
Que nos fazem lembrar sorrir e contar... para todo o sempre.
Ainda que fiquemos- e com toda razão!- estarrecidos.