MADRASTA POUCA...É BOBAGEM!
A crônica que segue me chegou a pouco, quando ela me contou sua história.
A princípio me parecia um conto triste, mas é mister que busquemos humor nas histórias que a vida escreve.
E de fato, o que ouvi, nunca o tinha ouvido antes.
O conto refere-se a alguém que foi criada pela madrastra, mas admito: Uma madrastra com "status" dferente.
Nascida na Calábria, veio para o Brasil ainda moça, trazendo seus dois filhos, e aqui chegando logo se casou com um viúvo que também já possuia duas filhas.
Uma delas, a protagonista da história, acabara de nascer da mãe que falecera no parto.
E a vida seguiu.
A madrasta, não era má absolutamente, nada que lembrasse as madastras das estórias infantis, porém era da Calábria, eu eu como também descendente de calabreses, nem precisei muito perguntar para entender da rigidez da sua criação.
Seu pai era como quase todos que conhecemos, passava o dia a trabalhar e a educação dos filhos era responsabilidade da mulher.
E as crianças, viviam sob tensão.
Nas mesas das refeições... nem um pio! Porque mesa nunca foi lugar para se conversar, e hora de comer é hora de sagrado silêncio.
Minha avó também me ensinou tal lição. Hoje com toda certeza se remoiria com a sua descendência italiana que fala pelos cotovelos, e o pior, com os cotovelos por cima das mesas.
-Tira esse cotovelo daí menina, olha os modos!-eu ainda ouço as broncas da minha avó nos ecos das minhas lembranças.
E o tempo passava.
Os meninos e as meninas cresciam, e adolesciam.
Adolesceram...e dois deles se apaixonaram.
Uma confusão.Se não se podia namorar como hoje, imagina namorar um meio irmão!
Que se dizer então "do ficar"!
A noite se encontravam no jardim da casa para conversar.Devia ser o "ficar" de antigamente.
Apanharam de cinta, foram separados de casas, de escola, de bairro.
Nada adiantou.
Casaram-se. E o mais curioso: gente, a madrastra virou sogra! É desgraça demais!
E daí começou sua sina dupla!
Um dia,ambas morreram: A sogra e a madrastra, e o mais incrível, a nora enteada ainda chorou pelas duas!
O coração nunca é razão...concluíi.
Hoje rimos juntas, com a sua história tão peculiar...
Sina de sogra...(acreditem!) é ser madrasta, mesmo!
E pelo que entendi, aquela cumpriu muito bem...os seus dois papéis!