Diário de uma caneta
Querido Diário,
Estou muito, muito, muito feliz. Finalmente realizei meu maior sonho: ser caneta de um escritor. Confesso que já tinha perdido as esperanças. Na era digital, raros são os escritores que ainda fazem uso de nós. Agora é só computador. Nem acredito que consegui. Nada de vestibulandos neuróticos que mordem canetas na hora do nervosismo (eca!), ou super-mulheres que nos deixam jogadas na bolsa em meio a dinheiro, maquiagem, pente, livro, remédio e etc...
Meu canetavô se estivesse vivo não ia agüentar essa. Ia morrer de tanto orgulho. Ele fez de um tudo na vida. Foi da orelha de dono de padaria aos bolsos das camisas de grandes empresários, mas não conseguiu ser escritor... Era seu sonho também. Ele adorava me contar sobre as penas de Shakespeare, Molière, Machado, ou ainda sobre nossos antepassados, que segundo ele, foram penas de grandes navegadores e muito escreveram a Portugal sobre a Ilha de Vera Cruz...
O meu dono tem só 19 anos, mas que talento.Ele é muito mais do que eu desejei. Conto é o que ele mais gosta de escrever, mas vez ou outra arrisca uns versos também. Nunca lançou nenhum livro, mas tem um blog muito legal que muita gente lê. Já ganhou prêmio e tudo, aliás, vááários prêmios, um orgulho! Não tenho dúvidas de que será um grande (grandississississíssimo) escritor. Ele é fantástico, incrível, maravilhoso, o melhor que já conheci. Será um ícone da literatura. Já posso até ver meus dias de glória, quando serei caneta de autógrafos,*suspiro* ai ai ... Mas agora eu preciso ir, diário, ele está inspirado e eu não vejo a hora de começar o próximo conto. Até mais. Volto com notícias da fama...
Texto inspirado no blog Diários Roubados