O pacifista
Eu conheço um cara chato, muito chato, chato pra caramba e que se faz de doido. O sujeito não é capaz de articular uma frase completa, fica sempre pelo caminho tentando completar o sentido com gestos tão sem sentido quanto a frase mal articulada. E no final, pergunta: “ ENTENDEU”E pra piorar a coisa, se ele diz chaveiro você saca perfeitamente que ele pronunciou shaveiro. Ele vê defeito em tudo, tudo mesmo. Ele é capaz de ver coco de mosca numa parede recém pintada, e aí, tome discurso. Ainda bem que são rápidos. Não que ele não queira ser prolixo, mas é que o vocabulário é curto e a sinapse vive em curto. E ainda tem quem reclame da justiça divina. Nesses dias eu o vi, sorriso aberto - verdade seja dita, o sorriso do cara é bonito - e vindo em minha direção abanando uma folha de papel no ar, como se fosse uma carta de alforria. E era. Me mostrou um atestado médico e um encaminhamento para clínica psiquiátrica com uma palavra em destaque. MANSO. Era a glória. Finalmente alguém vira nele algo de bom. Um pacifista.