Mãos Abençoadas - IV
Por volta de 1980, o meu tio João Cardinalli, da crônica anterior, me disse: “você deve ir procurar o Fortunato Gallani, do Centro Espírita Antonio Carlos. Ele é um grande líder espiritual, e tudo aquilo que eu não pude lhe ensinar ele vai poder completar. Eu vou parar com os trabalhos, por motivo de doença, e o Fortunato vai dar continuidade ao desenvolvimento da sua mediunidade. Mas nunca se esqueça que para ser um médio espírita a primeira coisa é ser humilde e sincero”.
Assim que o meu líder espiritual tio João foi atender ao chamado de Deus, eu fui ao Centro Espírita Antonio Carlos para conversar com o Senhor Fortunato Gallani. Ele me recebeu muito bem, com muita humildade, e logo vi que ele era muito sincero pois aqueles que olham as pessoas nos olhos transmitem sinceridade e bondade.
Ele era tudo o que meu tio tinha me falado, e com o tempo fui vendo todo o manancial de caridade que o Fortunato fazia. Hoje que estou na União Espírita Antonio Carlos, há quase vinte e cinco anos, poderia tentar descrever um pouco o Fortunato para aqueles que não o conheceram. Poderia dizer que ele era humilde como todos os grandes homens que aqui estiveram.
Só de chegar perto dele sentíamos os seus fluidos positivos. Quantos foram curados através dos seus passes. Você ia consultá-lo para um problema físico, e ele te dava a receita para um remédio apropriado sem que você dissesse onde doía, ou o que você sentia, e curava todos os males.
Fortunato Gallani fundou a União Espírita Antonio Carlos, em 1938, para divulgar a doutrina espírita cardecista, para fazer a caridade. E ele, com sua vidência, grande intuição e sabedoria ensinou a muitos irmãos, que se tornaram bons médiuns e dirigentes de trabalhos espíritas, para que a Casa fundada por ele continuasse o seu ideal, ensinando, fazendo a caridade e acolhendo os mais necessitados.
O que mais valoriza Fortunato Gallani é o fato de que com toda sua força espiritual ele esteve sempre em contato com o mundo material. Foi pedreiro, pintor, motorista e também vereador, em Campinas. Fortunato Gallani foi, também, escritor e deixou uma belíssima obra, o livro “Borboleta Encantada”, mas nunca se afastou da missão que Deus lhe confiou.
Um dia partiu para onde ficam os irmãos mais elevados. Entretanto, deixou atrás de si uma enorme esteira de luz e de exemplos para que nós, que ficamos, pudéssemos encontrar energias para seguir seus ideais e continuar sua obra.