MARIA LÚCIA LOBO - APREÇO.

Nossa Primogênita Irmã.

Quando a velhice se instala, a consciência de nossa finitude se torna mais evidente. Os anos, antes abundantes, transformam-se em preciosidades, e refletimos sobre a jornada percorrida. A sabedoria adquirida torna-se guia, e o apreço pelos momentos simples ganha relevância. A vida, agora medida em experiências e não apenas em tempo, revela a beleza da existência, mesmo diante das limitações físicas.

A nossa mãe mais nova e irmã mais velha, Maria Lúcia, apresenta-se com a mente, lúcida e atenta, mas o corpo não sincroniza como antes e as pernas se tornam relutantes, desobedecendo à vontade do pensamento.

Nesse descompasso, surge a poesia da experiência, onde a alma, imortal em sua essência, enfrenta a fragilidade do invólucro físico. A jornada se redefine, transitando entre a clareza da mente e a resistência do corpo, em um diálogo peculiar entre o ser interior e a manifestação externa do tempo.

A sua dedicação materna muitas vezes transcende as limitações impostas pelo cansaço da idade, numa dimensão que molda a vida da mulher mãe e avó, influenciando suas ações e percepções.

Velhice é conceito interligado na experiência humana, que, por sua vez, busca compreender, medir e dar significado ao tempo, pois é afetado por suas passagens e mudanças, refletindo-se em sabedoria e reflexões silenciosas…

No crepúsculo de seus dias, Maria Lúcia, nossa primogênita irmã, torna-se um farol de sabedoria e amor. Seu caminho, marcado pelo enlace entre a clareza de espírito e a resistência do corpo, revela a poesia sublime da existência. As rugas, testemunhas silenciosas de uma vida plena, contam histórias de amor, perseverança e incontáveis momentos de alegria.

Nesse capítulo derradeiro, seja como Maria Lúcia, Lúcia, Lu, Ude, Dinda ou Mãe Ude, transcende as barreiras da idade, guiada por uma dedicação materna que transcende as limitações físicas. Seu legado é um mosaico de amor incondicional, que moldou não apenas sua própria jornada, mas também a vida daqueles que tiveram a fortuna de compartilhar o caminho ao seu lado.

E à medida que o sol se põe no horizonte, Maria Lúcia, como uma estrela cadente, ilumina o firmamento com uma luz eterna. Seu sorriso é a promessa de que o amor perdura além do tempo, e suas histórias ecoam como canções de esperança e venturas.

Que cada pôr do sol seja um lembrete de sua jornada extraordinária, e que as estrelas, como testemunhas cintilantes, celebrem a vida vivida com paixão e carinho. Maria Lúcia, nossa irmã, mãe e avó, transcende as fronteiras do tempo, deixando-nos com um epílogo de amor, lúdico, otimista e repleto de venturas.

Vida longa a primogênita de Alaide !

Com o carinho dos nove irmãos

Nelly e Tania.

Dezembro de 2024

Manoel Rocha Lobo
Enviado por Manoel Rocha Lobo em 29/12/2023
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