Velho tronco
Eternas recordações de minha mãe
Há momentos que precisam ser eternizados por alguma razão. Na quinta-feira, 19/05/23, nos reunimos em família para a solenidade de despedida de nossa mãe Ana Anzolin Carmignan. O evento deu-se no Crematório Vaticano, na cidade de Balneário Camboriú. Aos 92 anos, Dona Ana partiu para a eternidade. Na ocasião, o soneto “Velho Tronco”, que compus para ela em 2021, foi lido por um familiar.
Mesmo com a simplicidade dos termos usados nos seus versos, a mensagem tocou os corações dos presentes. Foi uma despedida tranquila, embora um momento triste pelo qual nunca queríamos passar. Mas a realidade é essa mesmo: quem cumpre sua missão terrena, um dia passa a viver em outra dimensão.
Foi minha forma de registrar a importância de uma pessoa muito amada, uma cidadã servil que ajudou não apenas os familiares, mas todos quantos a procuraram para pedir suas bênçãos e proteção moral e espiritual.
Carinhosamente, deixo-o aqui, na humilde pretensão de que sirva como registro do que ela sempre representou para todos nós, seus familiares. Lembranças eternas de um ser que soube amar e ser amado:
Velho tronco
Caminhando eu vislumbro, encanto-me por ele
É um magnífico tronco que jaz ali velho, caído
Fico a imaginá-lo o quando foi galeado, florido:
Quantas vidas passaram e foram refletidas nele!
Em seu grandioso porte, incontáveis suas raízes
As enigmáticas bifurcações buscando nutrientes
Que sustentaram esse majestoso tronco dormente
Resignado, inerte, sem as antigas forças motrizes.
No florescer da vida, pequenos brotos a proliferar
Nos seus entrelaços tecidos, há os ciclos do tempo
Estendeu suas hastes, resistiu às forças dos ventos.
Pousando em seu leito, ali desfalecido a encantar!
Aos passantes, possíveis e inimagináveis histórias
Mais que um tronco velho, o atiçar das memórias...
Texto e imagem Miriam Carmignan