Ao Padre Reginaldo com todo respeito e carinho

Liderar uma igreja não é uma tarefa fácil, mas, com a graça de Deus, os padres conseguem cuidar das pessoas e ainda manter seu relacionamento com Deus em dia.

Padre é aquele que cuida de uma congregação e ministra a palavra de Deus.

Esse homem cuida do seu rebanho a todo o tempo e faz o possível para que nenhum servo se desvie do caminho de Cristo. Por esses e muitos outros motivos, despedir-se de um padre pode ser triste, mas devemos ficar felizes pelo crescimento do seu ministério e pelos ensinamentos que nos legou.

Padre Reginaldo, tinha-o por intransferível. Vejo que não é. O sentimento de vazio outra vez toma conta de nós guaxupeanos.

Uma ausência tamanha. Qualquer palavra a ser dita hoje será uma repetição de tantas outras já ditas.

A diferença é a dor de agora. Tivesse eu que resumi-lo numa só palavra seria SABEDORIA. Não há outra melhor.

Um líder nato, com virtudes a ofuscar os defeitos. Descentralizador, agregador, semeador, perfeito orador, compreensivo, dono de excelente escuta, cheio de autoridade sem qualquer traço de autoritarismo. Homem sincero, verdadeiro, autêntico, inteligente, culto, perspicaz, dono de senso de humor ímpar. Cavalheiro também. Um padre em todos os sentidos.

Durante décadas, administrou com maestria e leveza uma paróquia bem mais difícil que a realidade aparente, unindo ricos e pobres em torno da mesma mesa e da mesma causa. Quase sempre a vara para pescar; eventualmente o peixe também. Sim, às vezes era necessário que o alimento antecedesse a vara para que houvesse forças para segurá-la.

Tantos problemas alheios para administrar, tantas dores para aliviar. Lutou ativamente pela dignidade das pessoas, pela paróquia, pelo crescimento ordenado de Guaxupé.

Um ativista social e político, na mais perfeita acepção das palavras. Incomodou. Incomodou muito, como todo bom cristão deve fazê-lo. Produziu barulho quando necessário.

Extremamente respeitado, foi ouvido em outras tantas oportunidades. Não houve uma só vez em que abrisse a boca sem que ensinasse algo. Um (re)conciliador nato.

Padre Reginaldo sempre foi "casa cheia", de verdade. Portas sempre abertas, a qualquer hora do dia ou da noite. Batia-se e elas abriam. Sua casa era nossa também. Disponível a todos, ia ao encontro dos paroquianos quando solicitado. Sempre havia um bom conselho, palavras certas, colo, se necessário. Seu "não" sempre teve gosto de sim, e essa é a melhor parte.

Para as situações mais complexas, a resposta: sempre vence pelo amor. Quantas ovelhas resgatadas nos encontros cheios de reflexão, oração e sorrisos. Uma facilidade enorme em delegar tarefas, sem perder a liderança.

Preparou paroquianos para caminharem sozinhos, cientes de que a última palavra era sua. Na hora da dúvida, no momento do confronto, "vamos ao padre". Ele resolvia e tudo se acalmava.

Uma paróquia viva! Uma obra social linda, uma vida destinada ao serviço ao próximo. Padre Reginaldo sempre foi próximo dos paroquianoos, ou, como se costuma dizer brincando: "um vigário amigo dos seus vigaristas" , só lembrando que amigos do vigário são vigariófilos. Não admite ser endeusado.

Aplicou verdadeiramente as diretrizes do Concílio Vaticano II, construindo uma paróquia inclusiva, sem rejeições nem preconceitos. Acolheu a todos sem distinção, incondicionalmente. Assumiu todas as criticas recebidas por tamanha irreverência, inclusão, coragem.

Seriedade com leveza. Respeito e autoridade com sorrisos. Trabalho, trabalho, muito trabalho, com dedicação e bom humor. Portas abertas. Acolhimento. Serviço ao próximo. Lugar para todos. Sempre foi assim.

Mostrou a todos Jesus Cristo misericordioso, leve, alegre. Livrava os homens de culpas e pesos. Uma obra social linda, imensa, legado de amor. Padre Reginaldo fez a diferença.

Não sei como conseguia, mas foi presente na vida de todos. Nos amou e nos ensinou a amar o próximo, a partilhar. É chegada a hora de mostrarmos que aprendemos, que o nosso pastor nos contagiou com seu exemplo, que toda a dedicação dele não foi em vão. Sequemos nossas lágrimas, e de mãos dadas sigamos a lutar por um mundo mais justo, como ele sempre fez.

Um pastor que viveu em toda sua caminhada sacerdotal em Guaxupé o cuidado com suas ovelhas e a entrega incondicional à igreja de Jesus Cristo.

Hoje a saudade aperta no peito de seus inúmeros paroquianos, que independente do tempo de convívio, tem marcas de sua presença em cada um deles. As lembranças são muitas e muitas são as lágrimas dos seus vigariófiilos. Todos, para ele, foram singular.

Um pastor que ama os seus: ricos e pobres, velhos e jovens, letrados ou analfabetos. Famílias que ele acompanha de perto. Que partilhavam suas vidas, seus momentos mais preciosos.

Sim Pai! Fomos abençoados nesta comunidade pelo teu servo fiel que não mediu esforços para colocar em prática a Tua palavra, buscando forças na oração e na eucaristia. Seu zelo pela eucaristia, levava-nos a confirmar a presença viva do Cristo em nosso meio.

Viveu, como poucos, a frente do seu tempo. Fala com uma linguagem própria para os diversos grupos e faixas etárias. Na liturgia, preocupa-se com os ritos sacramentais e com a formação de seus fiéis para bem vivê-los.

Tem firmeza nas suas convicções e defende com afinco a valorização da vida. Condena o pecado, mas acolheu sempre o pecador.

Todo mundo conhecia o seu lado brincalhão. Respeita as diversidades dos movimentos, refletindo sempre sobre suas formas de expressão na paróquia. Sua fé é incontestável! Conseguiu ver o Cristo transfigurado ou mesmo desfigurado nas várias realidades.

Orienta a todos a viver e aprofundar sua fé sem cavilações.

Agora só podemos louvar ao Pai, porque através de Pe, REGINALDO, o poderoso fez em nós maravilhas e Santo é o Seu nome.

Ao nosso querido vigário, agradeço o imenso amor que teve por cada uma de suas ovelhas! Como profeta do nosso tempo, lutou, arriscou-se, não calou-se diante das injustiças e não escapou da missão a ele confiada, porque a voz do ai sempre ardeu em seu peito.

Nós, seus vigariófilos, continuaremos caminhando, levando pelas estradas da vida os seus ensinamentos. Ficará sempre em nossas lembranças seu zelo pelas coisas do alto, sua garra e força para o trabalho incansáveis, seu exemplo de cristão e seu grande abraço de um verdadeiro pai."

Vai, mas volta para seu povo guaxpeano.

Guaxupé, 20/02/22.

Milton Biagioni Furquim