Sobre Paulo Freire no seu centenário.

Eu gostaria de saber falar sobre Paulo Freire. Sobretudo gostaria de ter sua sensibilidade e tanto amor à humanidade. Gostaria ainda de ter competência intelectual para falar, escrever , pensar ou sentir Paulo Freire. Mas sou pobre. Infinitamente pobre, miserável até, para falar de um homem, educador, professor, intelectual dessa magnitude.

Fiquei fascinada, quando, décadas atrás, tomei conhecimento da sua obra prima “A pedagogia ado Oprimido”. Depois, outras leituras, mas esta, especificamente, marcou profundamente a minha alma. Parecia que eu estava conseguindo olhar nos olhos de toda uma sociedade sofrida, forçosamente calada e abandonada a um destino sórdido que a casa grande sempre lhe impôs. E mais: poderia agir em benefício de uma utopia: era preciso, necessário, urgente e sobretudo justo construir um país decente com uma sociedade mais participativa, respeitada e , sobretudo, feliz.

Certa feita eu fui a uma palestra desse educador admirável, que não estudou em Harvard, mas Harvard estudou Paulo Freire. Foi um dos dias mais felizes da minha vida profissional. Eu olhava para ele, ouvia aquele homem tão simples, com uma disposição para a vida plena tão clara que eu mal conseguia ouvir a sua fala. Era emoção. Isso mesmo. Um privilégio desses, de estar presente, de ouvir suas reflexões, me provocou vários sentimentos indizíveis.

E, nesse momento de obscurantismo, relembrar e reverenciar um educador desse quilate, é essencial para a saúde mental de uma nação. Os extremistas de direita que me perdoem, mas, para ler e compreender essa pedagogia, a chamada Pedagogia da Esperança, é necessário ter um coração limpo de rancor, de inveja, de ódio nauseabundo que vocês tanto e tão cotidianamente cultivam e exalam.

Como sou incompetente intelectualmente para falar de um professor carregado de sabedoria, cito uma breve explicação de Daniel Caras no Diário do Centro do Mundo sobre as razões de a extrema direita ter tamanho ódio e perseguir o educador:

A obra de Paulo Freire pode ser resumida por dois esforços: primeiro, cada um deve “aprender a dizer a sua Palavra”, se expressar no mundo. Segundo, é pelo diálogo que os seres humanos se encontram. Então, é expressão e encontro. E ambos estão conectados pela consciência pautada na leitura de mundo. É um pensamento potente.

Como sugestão também destaco um artigo do site Brasil 247 que havia sido publicado em Fair Observer em inglês e foi republicado no site Open Democracy. Relevante para ser lido no dia dos 100 anos do maior educador brasileiro.

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/direita-teme-paulo-freire/

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 19/09/2021
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