Lavrinhas chora a partida...
"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena."
Fernando Pessoa
Quando o Senhor Júlio Fortes, rico fazendeiro e solteiro, deixou esta vida destinou o seu grande legado, a Fazenda da Grama, para uma Casa de acolhida à Meninas desamparadas. A bela fazenda cheia de matas, ricas pedreiras, água abundante, jardins, Capela, casas para os colonos, com vistas para o Rio Paraíba do sul e a Serra da Mantiqueira passou abrigar até trinta meninas.
Lindamente organizada, acolheu o projeto social e sorria para as Metas. A gestão da Instituição Mavisou, como passou a ser denominada, ficou a cargo de freiras e posteriormente, com a saída das religiosas, a uma conselho eleito pela Comunidade.
Tudo corria muito bem: as meninas eram acolhidas, orientadas, educadas. Um belo dia, a Legislação brasileira aboliu a possibilidade de continuação da Obra Social. A bela fazenda não pode mais cumprir o seu destino.
Em algum momento, na linha do tempo, o Senhor José de Cstilho, conhecido como Seu Zezinho, com idade bastante avançada, viúvo, tornou-se o zelador da sede desabitada da Instituição Mavisou.
Seu Zezinho ocupou a bela casinha rural junto ao páteo da edificação principal da fazenda, muito bem cuidada, fogãozinho à lenha, rodeada de flores de todos os matizes. O altar na sala de visitas era um primor.
Seu Zezinho, homem devoto, cuidava da fazenda, do plantio da roça, da horta, da manutenção do prédio, da água que descia da grota. Sua vida monástica permitia visitas à Aparecida do Norte, à família e à Igreja de São Sebastião em Lavrinhas. Na Igreja cuidava do Santíssimo, das rezas dos terços nas casas de família, ajudava o Padre na celebração da Missa e pertencia à Legião de Maria.
Seu Zezinho passou dos noventa e quatro anos. As filhas cuidaram de construir uma casinha próxima da família em Cruzeiro. O querido zelador foi embora, meio contragosto, mas era necessário. Tornara-se preocupante a sua morada naquele mágico recanto, acompanhado pela sozinhez e o cenário fantástico da Natureza.
Há poucos dias...o querido zelador da Instituição partiu para a vida eterna, como ele acreditava. O Senhor José Castilho deixa um grande vazio, mas um precioso legado de amor ao próximo, ao belo, ao barulho do silêncio, ao gorjeio da passarada, à simplicidade, à Natureza, às coisas que ele elegeu como valendo a pena dedicar a Vida.
Lavrinhas perde um grande cidadão. Lavrinhas perde um grande Homem. O coração do seu Zezinho parou, mas não existe morte para quem viveu amorosamente!
foto by Zaciss
"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena."
Fernando Pessoa
Quando o Senhor Júlio Fortes, rico fazendeiro e solteiro, deixou esta vida destinou o seu grande legado, a Fazenda da Grama, para uma Casa de acolhida à Meninas desamparadas. A bela fazenda cheia de matas, ricas pedreiras, água abundante, jardins, Capela, casas para os colonos, com vistas para o Rio Paraíba do sul e a Serra da Mantiqueira passou abrigar até trinta meninas.
Lindamente organizada, acolheu o projeto social e sorria para as Metas. A gestão da Instituição Mavisou, como passou a ser denominada, ficou a cargo de freiras e posteriormente, com a saída das religiosas, a uma conselho eleito pela Comunidade.
Tudo corria muito bem: as meninas eram acolhidas, orientadas, educadas. Um belo dia, a Legislação brasileira aboliu a possibilidade de continuação da Obra Social. A bela fazenda não pode mais cumprir o seu destino.
Em algum momento, na linha do tempo, o Senhor José de Cstilho, conhecido como Seu Zezinho, com idade bastante avançada, viúvo, tornou-se o zelador da sede desabitada da Instituição Mavisou.
Seu Zezinho ocupou a bela casinha rural junto ao páteo da edificação principal da fazenda, muito bem cuidada, fogãozinho à lenha, rodeada de flores de todos os matizes. O altar na sala de visitas era um primor.
Seu Zezinho, homem devoto, cuidava da fazenda, do plantio da roça, da horta, da manutenção do prédio, da água que descia da grota. Sua vida monástica permitia visitas à Aparecida do Norte, à família e à Igreja de São Sebastião em Lavrinhas. Na Igreja cuidava do Santíssimo, das rezas dos terços nas casas de família, ajudava o Padre na celebração da Missa e pertencia à Legião de Maria.
Seu Zezinho passou dos noventa e quatro anos. As filhas cuidaram de construir uma casinha próxima da família em Cruzeiro. O querido zelador foi embora, meio contragosto, mas era necessário. Tornara-se preocupante a sua morada naquele mágico recanto, acompanhado pela sozinhez e o cenário fantástico da Natureza.
Há poucos dias...o querido zelador da Instituição partiu para a vida eterna, como ele acreditava. O Senhor José Castilho deixa um grande vazio, mas um precioso legado de amor ao próximo, ao belo, ao barulho do silêncio, ao gorjeio da passarada, à simplicidade, à Natureza, às coisas que ele elegeu como valendo a pena dedicar a Vida.
Lavrinhas perde um grande cidadão. Lavrinhas perde um grande Homem. O coração do seu Zezinho parou, mas não existe morte para quem viveu amorosamente!
foto by Zaciss