BISAVÓ ANA
Tive o privilégio de conhecer e conviver por alguns anos com minha bisavó materna. Seu nome era Ana e essa proximidade se deu quando ela veio passar uma longa temporada com seu filho Faustino e sua nora Nena, que moravam bem ao lado de nossa casa, em Curitibanos – SC. Eu era criança e sempre a via do outro lado da cerca, cuidando dos canteiros de flores de tia Nena. Tinha um porte altivo, pele morena e usava saias longas com aspecto austero, sempre cobertas por um avental. Trazia o cabelo, levemente grisalho, preso em um coque na nuca. Eu a cumprimentava e conversávamos amenidades através da cerca de ripas.
A bisavó, viúva, passava um tempo com cada filho. Era católica fervorosa e quando o sino da matriz, bem próxima de nossas casas tocava, à hora do Angelus, eu a via, sentada em uma poltrona, na varanda, a rezar o terço.
Devido à minha pouca idade, não lembro de mais pormenores de sua personalidade. Tia Nena contava que, mais idosa, ainda insistia em ajudar na cozinha, porém, de vez em quando aprontava algumas. Certa vez, pegou um escorredor de macarrão, tentou enchê-lo com água e com ele saiu da pia, molhando a roupa, o chão, a toalha e a mesa já posta para o almoço.
O que nos deixou de herança, foi muita retidão de caráter, fé e gosto pelo trabalho. Mamãe e eu dela herdamos o interesse especial por hortas, pomares, flores e jardins. Aliás, jardinagem é, para mim, um hobby prazeroso que me traz muitas recompensas.
É no jardim que aplaco tristezas, dúvidas, medos e aborrecimentos. E é, também, onde tomo decisões importantes em minha vida. Esse ambiente me acalma, me faz refletir, organizar as ideias, durante o solitário trabalho manual, sem barulho ou conversas.
Na adolescência sai de minha terra para estudar na capital do Paraná. Quando lá voltei, muitos anos depois, descobri com orgulho que, a uma rua da cidade, foi dado o nome de minha bisavó: Ana Costa, de família tradicional e influente na pequena comunidade. Merecida homenagem.
A bisavó, viúva, passava um tempo com cada filho. Era católica fervorosa e quando o sino da matriz, bem próxima de nossas casas tocava, à hora do Angelus, eu a via, sentada em uma poltrona, na varanda, a rezar o terço.
Devido à minha pouca idade, não lembro de mais pormenores de sua personalidade. Tia Nena contava que, mais idosa, ainda insistia em ajudar na cozinha, porém, de vez em quando aprontava algumas. Certa vez, pegou um escorredor de macarrão, tentou enchê-lo com água e com ele saiu da pia, molhando a roupa, o chão, a toalha e a mesa já posta para o almoço.
O que nos deixou de herança, foi muita retidão de caráter, fé e gosto pelo trabalho. Mamãe e eu dela herdamos o interesse especial por hortas, pomares, flores e jardins. Aliás, jardinagem é, para mim, um hobby prazeroso que me traz muitas recompensas.
É no jardim que aplaco tristezas, dúvidas, medos e aborrecimentos. E é, também, onde tomo decisões importantes em minha vida. Esse ambiente me acalma, me faz refletir, organizar as ideias, durante o solitário trabalho manual, sem barulho ou conversas.
Na adolescência sai de minha terra para estudar na capital do Paraná. Quando lá voltei, muitos anos depois, descobri com orgulho que, a uma rua da cidade, foi dado o nome de minha bisavó: Ana Costa, de família tradicional e influente na pequena comunidade. Merecida homenagem.