Halloween

Halloween

Eu já fui endeusada, amada, temida e maldita.

Já ardi nas fogueiras da incompreensão, tortuda por enxergar mais longe.

Já participei do Hiero Gamos, já assisti as fogueiras de Beltane e celebrei os equinócios.

Já dancei nua nos festivais da colheita e da fertilidade, já espargi amor livre em plena sintonia com o prazer.

Já me mesclei a terra, me fundi as noites, viajei com o vento e brindei a vida com Gaia.

Entendi o trabalho infinito das Moiras, caminhei no vale da morte e aconselhei Koré em sua tramsformação para Perséphone.

Muitas vezes tive que me esconder em contos infantis vestida de fada o u entre brumas na segura Avalon.

Carreguei pedras para construir Stonehenge e aprendo com os druidas a antiga sabedoria das ervas.

Impedi o fim do conhecimento da magia transmitindo oralmente seus sortilégios e segredos sem me preocupar com distinção de cor, a magia é única, negra ou branca é uma opção de escolha.

Hoje buscam sorver da minha antiquíssima fonte de forma mais aberta, em Covens, Wicca e outros, é a certeza da minah imortalidade.

Comemoram Halloween ou All Hallow, difarçam com abóboras, travessuras e gostosuras minha festa Pagâ. Não me importo, como nunca conseguiram me vencer, resolveram mascarar minha homenagem, atrás de minha inseparável capa, agradeço e gargalho à lua e a noite, minhas eternas companheiras.

Leonardo Andrade