À Glauber Rocha
Tem qualquer querência mais além do mundo
onde até o vento calmo dança soul,
e por largo verbo certo foi à trova
que um poeta pequeno grande amou.
E amou além do mar um poço e um riacho,
e um canário belga entre os salgueiros.
Amou a rosa inteira e dois coqueiros,
e da janela a terra mais distante.
Amou feito o papel que enjeita a pena e fura;
e a garganta o grito e o perfume a mais de metro o vento.
Amou feito a criança a careta cubista; a lama preta na camisa pinicando as costas.
Pôs os olhos na juta e logo amou;
a laranjeira mais velha do quintal, o cruzeiro da praça, feito de peroba.
Amou e se acostumou ligeiro à sina de poeta;
deve ter alguma coisa mais além do mundo...