Apucarana A Capital Nacional Do Boné E Do Jeans

Apucarana é um município localizado no centro-norte do estado do Paraná, no Brasil. Distante 369 quilômetros da capital do estado, Curitiba, é conhecida como "Cidade Alta" e reconhecida como capital nacional do boné. Sua população, conforme estimativas do IBGE de 2018, era de 133 726 habitantes, sendo a décima-primeira cidade mais populosa do Paraná. "Apucarana" é um nome de origem tupi-guarani, usado pelos índios guaianases, que significa "semelhante à própria floresta" (apó = base; caarã = semelhante à floresta; anã = imensa).

História e Fundação

A região onde localiza-se Apucarana foi colonizada pela Companhia Inglesa de Terras Norte do Paraná, a exemplo de Londrina e Maringá. Os colonizadores teriam chegado por volta de 1930. No ano de 1938, Apucarana foi elevada à categoria de vila. Em 28 de janeiro de 1944, Apucarana foi elevada a município sendo desmembrada do munícipio de Londrina. Seu primeiro prefeito foi o coronel Luís José dos Santos.

A prosperidade inicial

Em função do sucesso econômico dos anos 1940 a 1970, obtido graças aos ciclos madeireiro, cafeeiro e da atividade comercial cerealista, a cidade rapidamente se tornou um centro comercial dinâmico, referência de serviços e comércio de bens de todo o vale do Ivaí (na época, uma próspera região agrícola) e dotada de uma ampla rede bancária. A base econômica do desbravamento foi a atividade madeireira, que representou o berço da atividade industrial da cidade e abriu espaço para a agricultura. O rápido crescimento se deu pela migração, de paulistas em sua maioria, porém com contingentes ainda importantes de mineiros e baianos. Também foi muito significativa a imigração de portugueses, ucranianos, poloneses, alemães e japoneses.Ao momento em que entrava em declínio gradual a exploração da madeira, se instalou a cafeicultura e o rico comércio de grãos, fomentado estrategicamente pelas facilidades logísticas da cidade, um entroncamento rodoviário e férreo, convergindo o transporte da produção agrícola de todo o norte do Paraná para os canais exportadores de Santos e depois Paranaguá. Com a Rodovia do Café que ligava Apucarana à capital do estado do Paraná, Curitiba, inaugurada pelo então governador Ney Braga, a cidade ligou-se ao governo central, possuindo inclusive forte representação política através de dois deputados estaduais locais, Marino Pereira e João Antonio Braga Côrtes. Em meados dos anos 1970, Apucarana contava com uma emissora de televisão, dois cinemas (uma sala de grande porte), sete hospitais ou clínicas, duas emissoras de rádio, dois jornais, uma instituição de ensino superior, uma de ensino técnico, três escolas privadas de ensino médio e ao menos duas públicas também de ensino médio. Chegou a contar com voos diretos semanais para São Paulo nos anos 1960.

O fim da era do café

A prosperidade sofreu um profundo impacto do fim do ciclo cafeeiro, precipitado pela desastrosa geada de julho de 1975. O colapso da atividade cafeeira intensiva desempregou a grande população rural associada a ela, e em poucos anos o núcleo urbano (até então com 60 000 habitantes) quase dobrou de população, chegando a se favelizar. O mesmo fenômeno de êxodo rural poupou cidades um pouco menores como Arapongas,e foi melhor absorvido pelas maiores, como Londrina. Uma agricultura menos rentável, baseada no feijão e no milho, se ofereceu como alternativa. O município de relevo pouco propício para a mecanização impediu a cidade de acompanhar a nova onda de riqueza agrícola brasileira, a sojicultura. Iniciou-se um círculo vicioso de perda recursos humanos qualificados e capital. As empresas cerealistas da Barra Funda fecharam suas portas ou se transferiram para cidades como Maringá. Jovens com alto nível sócio-educacional emigravam em definitivo para Londrina, Curitiba e São Paulo, onde planejavam antes apenas estudar. Pequenos agricultores e trabalhadores rurais experientes emigraram em massa para o Centro-Oeste, enquanto fazendeiros e industriais abriram seus novos empreendimentos nas fronteiras agrícolas brasileiras e, quando bem-sucedidos, também migraram. A terra perdeu valor, o comércio e os serviços se retraíram fortemente e por fim se concretizou um ciclo de vertiginosa queda da atividade econômica e da renda per capita.Em face à sobrecarga de problemas sociais, sucessivas administrações municipais tiveram que dar total prioridade à manutenção e ampliação da infraestrutura habitacional e de sistemas de amparo social, em detrimento de um foco maior em políticas de fomento industrial. Pesou também a baixa representatividade política na assembleia estadual e na câmara federal. As políticas sociais e de urbanização foram bem sucedidas (não há favelas na cidade hoje) mas, paradoxalmente, continuaram a atrair população de baixa renda da região.

A recuperação

A depressão econômica persistiu por pelo menos uma década, até o meio dos anos 1980, quando os galpões abandonados da região da Barra Funda e os altos índices de desemprego ofereceram condições de baixo custo para o começo da indústria do boné e algumas empresas de vestuário. Ainda que tardiamente (em relação à vizinha Arapongas, por exemplo) foram organizadas pequenas zonas industriais setorizadas que serviram melhor ao parque moageiro e incentivaram outras empresas de porte médio a se instalarem. Os serviços comerciais, de saúde e de educação continuavam atraentes e, lentamente, começou a se recuperar a construção civil. A lenta, mas contínua, recuperação se manteve desde então. Melhoras expressivas da infraestrutura se refletiram na melhor qualidade da pavimentação asfáltica (ainda é um sério problema) da rede de água encanada, na expansão da cobertura de esgoto e no desvio do trânsito de cargas do perímetro urbano por meio do Contorno Sul. Ocorreu um significativo progresso urbanístico, com parques de lazer como os lagos Jaboti e da Raposa, a sofisticada reforma da praça da matriz, o calçadão do 28, entre outras melhorias. O comércio da região central voltou a atrair investimentos e consumidores da região, e teve importante diversificação. Depois de décadas de empobrecimento e perda de prestígio, no início deste século Apucarana voltou a crescer como as principais cidades do eixo norte-paranaense e, apesar da longa crise, nunca deixou de ser um dos 20 mais ricos municípios do estado.

Vinicius Moratta
Enviado por Vinicius Moratta em 12/01/2019
Código do texto: T6548906
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