Homenagem à Pandinha
Querida Pandinha,
 
Oi, minha gorducha? Tudo belesma? Eu estou devastada! Você se foi!
Já faz algumas horas que você está nos braços do Pai Amado, num lugar muito melhor do que aqui, no entanto espero que você tenha sido feliz enquanto viveu conosco e que tenha me amado tanto quanto eu te amei, porque é verdade que no começo da nossa convivência não tive uma atitude legal com você, tinha passado por uma perda semelhante e me ressentia porque você era totalmente diferente do querido Matt — acho que agora vocês já se conhecem —, todavia queria entender por que você era tão arisca e guinchava tanto quando eu me aproximava da sua gaiolinha, até que li uma postagem de um blog que tocou meu coração e me fez perceber quão injusta eu estava sendo com você, querida amiga.
Você era você, o Matt era o Matt.
Nunca me esquecerei dos agradáveis momentos que passei ao lado do meu primeiro hamster, entretanto você era um frágil filhote e eu, responsável pelo seu bem estar. Não à toa bani aqueles túneis de acrílico que são tão perigosos para os hamsters porque queria proteger sua integridade, cada pedacinho desse ser maravilhoso que fui aprendendo a amar. E fui apreciando seu jeitinho de ser, aceitando-o, porque com você também compreendi que não amo duas pessoas do mesmo modo, seria impossível, eu amo cada uma de um jeito porque elas são diferentes e a relação que estabeleço, também.
Ontem eu não fazia ideia de que seria a sua última noite no mundo dos viventes, meu bebezinho amado, que hoje estaria redigindo um texto de despedida para aquela que me conquistou aos poucos e para valer, levando para o paraíso um pedacinho do meu coração. Vai ser difícil, a partir de hoje, não ver mais a sua gaiolinha cor-de-rosa do lado da minha cama, te dar o beijo de boa noite, nem o beijo de bom dia ao despertar.
Sou muito grata pelos quase dois anos em que formamos uma grande parceria, pelos dois aniversários meus de que você participou (vou sentir tanto a sua falta nesse próximo, em novembro), pelos dois natais e as duas viradas de ano em que você esteve presente, partilhando da emoção do momento, por ser em muitas noites minha companheira mais fiel.
Quero me lembrar de você sempre como aquela menininha sapeca correndo na rodinha, roendo os rolos de papelão, comendo amendoins e alegrando a casa. No meu coração pretendo guardar o brilho daqueles olhos negros que me enchiam de ternura todos os dias, mesmo naqueles em que o sol não brilhou.
Tem mais alguém que sentirá sua falta. Você sabe quem, sua danadinha arrasadora de corações. Ele ficou escondidinho dentro de casa o dia todo, foi chorar como eu faço sempre, escondido para ninguém ver. A partir de amanhã o pobrezinho terá de se acostumar com o fato de que você não vai mais cumprimenta-lo para contar às novidades, ele sentirá tanta falta do seu aroma de almíscar exalando pelo ar, de quando bastava que vocês estivessem juntos para que tudo ficasse bem, nos dias bons e ruins. O coração dele deve estar despedaçado, mas um dia sei que vocês irão se encontrar e correr juntos pelas verdejantes campinas do paraíso.
Seguirei adiante com a minha vida porque é preciso, as perdas fazem parte da caminhada, no entanto essa atitude não significa que vou te esquecer. Uma grande amiga como você nunca morre na memória, a gente coloca no lado direito do peito, com todo o cuidado do mundo, nada mata um sentimento tão forte e tão bonito que nasceu e com dignidade cresceu, porque mesmo que seu coração já não mais bata, ainda assim você existe nesta homenagem, nestas lágrimas que se pudessem gostariam de te trazer de volta. Sendo impossível tal intento, minha pretensão é te manter sempre viva ao pensar numa boa amiga com quem me comuniquei no idioma do Amor, porque para esse não é preciso de curso, a vida ensina, somente se amando é que se aprende a amar.
Você foi mais do que uma simples amiga, tornou-se parte da família. Então, sim, repito que sou grata por esse tempo que passamos juntas porque mais triste seria se eu nunca tivesse te conhecido e te permitido me conhecer também.
Aceite essa simplória, porém sincera homenagem que te faço, porque nesta noite, quando eu me deitar para dormir, com certeza me lembrarei de pedir a Deus para que cuide de você aí com o mesmo carinho que cuidamos aqui e para que eu tenha forças para aprender a viver sem você porque, fácil, ah, não vai ser.
De sua sempre amiga Mary.



11/07/2016 - 10/05/2018 
Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 10/05/2018
Código do texto: T6333045
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