Larama
O pintor embriagado desceu a rua para comprar sua tinta, trazia consigo uma amiga, e um saco de dinheiro velho. Poucos sabiam sua história, dentre eles, ele mesmo e suas inúmeras personalidades. Ele andava sem olhar para os lados, apressado, mas atento às vozes que tentavam o atingir. As pobres palavras já não surtiam efeito em sua carne, já ferida pelo tempo. Os rastros de sangue por onde passava, era sua última pintura. A sua principal obra, um pedido de socorro, ou um último abraço. Mas ele ainda tinha uma amiga e o saco de dinheiro velho. A única e melhor amiga chamava-se morte, pronta para lhe dar um último abraço. O saco de dinheiro velho tinham apenas poucas moedas, e inúmeras caras para decidir uma sorte. O pintor embriagado, pinta a vida com os traços da morte. Seu quadro, hoje, seria encontrado no lixo, mas eu o achei e coloquei em minha sala.
(Paulo Lennon)