Minha missão era entregar o DPJ (Diário do Poder Judiciário).
Em 2006 eu fazia as entregas ao lado de um nobre colega.
Nossos destinatários estavam localizados nas famosas avenidas ACM e Tancredo Neves, compondo o denominado roteiro do Iguatemi.
Meu colega usava uma moto e, às vezes, um carro.
Eu encarava a atividade utilizando apenas as pernas.
O tempo das entregas revelava agilidade. Bastavam sessenta minutos, a conclusão permitia festejar.
Eu possuía uma sacola gigantesca na qual colocava parte dos diários. Suava demais visitando todos os prédios indicados, caminhando veloz, parando aqui, subindo a ladeira ali, saudando gentil a turma sonolenta da recepção (as entregas ocorriam bem cedo), firme, disciplinado, sem jamais deixar de executar as entregas no horário previsto.
Finalizando o serviço, acelerava seguindo rumo à escola, porque eu lecionava durante o turno matutino. As aulas ocorriam nas segundas, quartas e sextas.
Nunca foi tranqüilo conciliar os dois trabalhos.
Cada vez mais eu e o colega escolhemos estreitar os laços fraternais, um sincero carinho passou a nutrir nossa saudável relação suscitando uma amizade superbonita.
Isso permitiu planejar um acordo bacana. Eu combinei fazer o roteiro completo nas terças, quintas e nos sábados, dias que não precisava ir à escola. Os outros dias ficariam com o atencioso colega.
Aílton concordou, a experiência fluiu perfeita, o estresse e a correria cessaram, a alegria nos abraçou naquele ano maravilhoso.
* Mas o tempo avançou, as entregas terminaram, os papéis sumiram, hoje o diário pode ser consultado, com grande facilidade, navegando nas páginas virtuais da Justiça.
Meu amigo decidiu realizar um novo concurso, foi aprovado, começou a trabalhar em outro órgão do Poder Judiciário.
Infelizmente uma doença degenerativa bateu à porta de Aílton, nos dias atuais ele conta com a dedicação dos adoráveis familiares.
Lembro que ele não cansava de repetir:
_ Ilmar, você pode me ligar qualquer instante, o que você precisar não esqueça de falar comigo.
* Quero dizer ao estimado colega e tão querido amigo:
_ Topa retornar ao passado?
Recordo o ritmo das entregas, os detalhes do serviço, nossas alegres conversas nos pontos de encontro, o acordo que tanto me ajudou a dar as aulas, a sensação gostosa de liberdade após encerrar a tarefa...
Tudo isso traz o desejo de voltar, mas, principalmente você sorrindo, chegando na sua moto, papeando sobre as incontáveis paqueras, as gatas que fisgou, aumenta a saudade e faz muita falta.
Era legal demais estar contigo, saboreando os mil prazeres de uma amizade profunda, que eu percebia ir além do horizonte, superar as horas, limites espaciais e qualquer complicação.
Jamais admito te encontrar frágil, abatido, doente.
Eu ainda preciso rever o rapaz otimista, trazendo sempre palavras de conforto e incentivo, querendo auxiliar, dar a mão, ajudar, oferecendo o ombro solidário.
Não tem jeito, cara! Precisamos fazer a última entrega.
Vamos lá! Concluindo o labor, eu sugiro a gente se sentar, papear leve, solto, descontraído e realizar um novo acordo, que deve preencher o resto das nossas vidas.
Que tal nós combinarmos conservar o afeto e a ternura, convictos de que nenhum obstáculo apagará nem sequer um pedacinho dessa linda amizade?
Amigão, proponho definir que é impossível ferir o drama, o pranto se a gente ama tanto e promete guardar a chama, o encanto.
Um abração, Aílton!
Que Deus te abençoe!
**
Em 2006 eu fazia as entregas ao lado de um nobre colega.
Nossos destinatários estavam localizados nas famosas avenidas ACM e Tancredo Neves, compondo o denominado roteiro do Iguatemi.
Meu colega usava uma moto e, às vezes, um carro.
Eu encarava a atividade utilizando apenas as pernas.
O tempo das entregas revelava agilidade. Bastavam sessenta minutos, a conclusão permitia festejar.
Eu possuía uma sacola gigantesca na qual colocava parte dos diários. Suava demais visitando todos os prédios indicados, caminhando veloz, parando aqui, subindo a ladeira ali, saudando gentil a turma sonolenta da recepção (as entregas ocorriam bem cedo), firme, disciplinado, sem jamais deixar de executar as entregas no horário previsto.
Finalizando o serviço, acelerava seguindo rumo à escola, porque eu lecionava durante o turno matutino. As aulas ocorriam nas segundas, quartas e sextas.
Nunca foi tranqüilo conciliar os dois trabalhos.
Cada vez mais eu e o colega escolhemos estreitar os laços fraternais, um sincero carinho passou a nutrir nossa saudável relação suscitando uma amizade superbonita.
Isso permitiu planejar um acordo bacana. Eu combinei fazer o roteiro completo nas terças, quintas e nos sábados, dias que não precisava ir à escola. Os outros dias ficariam com o atencioso colega.
Aílton concordou, a experiência fluiu perfeita, o estresse e a correria cessaram, a alegria nos abraçou naquele ano maravilhoso.
* Mas o tempo avançou, as entregas terminaram, os papéis sumiram, hoje o diário pode ser consultado, com grande facilidade, navegando nas páginas virtuais da Justiça.
Meu amigo decidiu realizar um novo concurso, foi aprovado, começou a trabalhar em outro órgão do Poder Judiciário.
Infelizmente uma doença degenerativa bateu à porta de Aílton, nos dias atuais ele conta com a dedicação dos adoráveis familiares.
Lembro que ele não cansava de repetir:
_ Ilmar, você pode me ligar qualquer instante, o que você precisar não esqueça de falar comigo.
* Quero dizer ao estimado colega e tão querido amigo:
_ Topa retornar ao passado?
Recordo o ritmo das entregas, os detalhes do serviço, nossas alegres conversas nos pontos de encontro, o acordo que tanto me ajudou a dar as aulas, a sensação gostosa de liberdade após encerrar a tarefa...
Tudo isso traz o desejo de voltar, mas, principalmente você sorrindo, chegando na sua moto, papeando sobre as incontáveis paqueras, as gatas que fisgou, aumenta a saudade e faz muita falta.
Era legal demais estar contigo, saboreando os mil prazeres de uma amizade profunda, que eu percebia ir além do horizonte, superar as horas, limites espaciais e qualquer complicação.
Jamais admito te encontrar frágil, abatido, doente.
Eu ainda preciso rever o rapaz otimista, trazendo sempre palavras de conforto e incentivo, querendo auxiliar, dar a mão, ajudar, oferecendo o ombro solidário.
Não tem jeito, cara! Precisamos fazer a última entrega.
Vamos lá! Concluindo o labor, eu sugiro a gente se sentar, papear leve, solto, descontraído e realizar um novo acordo, que deve preencher o resto das nossas vidas.
Que tal nós combinarmos conservar o afeto e a ternura, convictos de que nenhum obstáculo apagará nem sequer um pedacinho dessa linda amizade?
Amigão, proponho definir que é impossível ferir o drama, o pranto se a gente ama tanto e promete guardar a chama, o encanto.
Um abração, Aílton!
Que Deus te abençoe!
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