Eu tinha apenas um sonho...
Eu nunca fui alguém tão sonhador e tão pouco alguém que corresse atrás dos próprios sonhos. E de tão pouco sonhador que sou eu sempre tive apenas um sonho e não era ser jogador de futebol, nem ser um astronauta e muito menos de ser um artista famoso. O meu sonho era ser pai de uma menina, eu sempre quis ter uma filha. Um sonho um tanto que maluco, mas acredito que ele é tão forte em mim, pela incrível capacidade de ser ótimo em segurar com as duas mãos o mundo dos outros em quanto o meu já tinha caído e passado do chão.
E claro, como eu disse eu não sou bom em correr atrás dos meus próprios sonhos. Então, ter uma filha era algo que eu não esperava tão cedo e principalmente depois de ouvir de praticamente uns dez urologistas que eu dificilmente poderia ser pai. Uma das piores épocas, porque acho que doía mais em ver minha mãe chorar a cada fim de consulta médica do que o choque em receber a noticia que eu dificilmente poderia ser pai.
Aos 22 anos de idade, tudo isso mudou da forma mais inusitada que poderia ser. Quando por alguns sintomas apresentados pela minha namorada na época, me levaram a só imaginar que ela estaria gravida. Eu comprei três testes porque um só não seria prova suficiente para me convencer de tal façanha. E assim, eu obtive os três positivos mais felizes, alegres, contentes e inesquecíveis da minha vida inteira. E essa é uma das partes mais felizes e tristes da minha vida. Imensamente feliz por ser pai e gigantescamente triste por alguma razão do além a mãe da mesma me proibiu de ter qualquer contato que fosse.
É não teve sessões de ultrassons para descobrir o sexo. Não existiram sorrisos emocionados ao ouvir o coraçãozinho dela bater pela primeira vez e tão pouco existiu aquele beijo carinhoso logo após o seu nascimento. E acalme-se, não chores. Porque isso não me fez ama-la menos e muito menos fez a minha vida ser triste. Porque existem dores que só existem para que nos tornemos mais fortes.
Continua...