A POESIA ANGOLANA DE JOÃO MAIMONA

O POEMA...

AS MURALHAS DA NOITE

A mão ia para as costas da madrugada.

As mulheres estendiam as janelas da alegria

nos ouvidos onde não se apagavam as alegrias.

Entre os dentes do mar acendiam-se braços.

Os dias namoravam sob a barca do espelho.

Havia uma chuva de barcos enquanto o dia tossia.

E da chuva de barcos chegavam colchões,

camas, cadeiras, manadas de estradas perdidas

onde cantavam soldados de capacetes

por pintar no coração da meia-noite.

Eram os barcos que guardavam as muralhas

da noite que a mão ouvia nas costas

da madrugada entre os dentes do mar.

...E O POETA

João Maimona, angolano de Quibocolo, município de Maquela do Zombo, poeta, ensaísta, crítico literário e político, no convés da fragata desde 1955, devido a perseguições teve que fugir com a família para a República do Zaire em 1961. Em Kinshasa, em 1975, ingressou na Faculdade de Ciências, tendo estudado Humanidades Científicas regressando a Angola em 1976. Algum tempo depois, fixou residência em Huambo, onde se licenciou em Medicina Veterinária. O poeta é diplomado em estudos superiores especializados em virologia médica e epidemiologia animal, pelo Instituto Pasteur de Paris e pela École Nationale Vétérinaire d´Alfort, na França. Maimona atualmente é membro-fundador da Brigada Jovem de Literatura do Huambo e membro da União dos Escritores Angolanos. Incansável combatente cultural mostrando para o mundo a literatura e arte angolanas.

Enzo Carlo Barrocco e JOÃO MAIMONA
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 13/05/2015
Reeditado em 14/05/2015
Código do texto: T5240471
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