JIRAU DIVERSO Nº 16
JIRAU DIVERSO
Nº 16 – junho.2007
por Enzo Carlo Barrocco
A poesia fluminense de Fagundes Varela
O POEMA
Soneto
Desponta a estrela d'alva, a noite morre.
Pulam no mato alígeros cantores,
E doce a brisa no arraial das flores
Lânguidas queixas murmurando corre.
Volúvel tribo a solidão percorre
Das borboletas de brilhantes cores;
Soluça o arroio; diz a rola amores
Nas verdes balsas donde o orvalho escorre.
Tudo é luz e esplendor; tudo se esfuma
Às carícias da aurora, ao céu risonho,
Ao flóreo bafo que o sertão perfuma!
Porém minh'alma triste e sem um sonho
Repete olhando o prado, o rio, a espuma:
- Oh! mundo encantador, tu és medonho!
O POETA
Luis Nicolau Fagundes Varela, poeta fluminense (Rio Claro, RJ 1841 – Niterói 1875) destaca-se por uma obra marcada pela brasilidade. O poeta antecede ao Condoreirismo, assim como à literatura abolicionista que mais tarde escritores renomados viriam abordar. Atuante e engajado, Varela, por outro lado, teve uma vida boêmia e desregrada que o levou ao alcoolismo. Um poeta essencial e sua belíssima obra.
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ESTANTE DE ACRÍLICO
Livros Sugestionáveis
São Bernardo (Romance)
Autor: Graciliano Ramos
Edição: Editora Record
Um homem rude, sem instrução e violento vivendo uma tragédia engendrada por ele mesmo nos sertões nordestinos. Um clássico da literatura brasileira.
Rebanhos de Pedras & Esta Terra (Poesias)
Autor: Ademir Braz
Edição: Usimar Cultural
Dois períodos distintos da poética de Ademir. “Esta Terra”, publicado em 1981, foi seu primeiro livro. “Rebanhos de Pedras” é um trabalho mais recente, ambos eivados de lirismo.
Publicação Coletiva – Quatro Autores (Poesias)
Autores: Jorge André, Kildervan Abreu, Eduardo Dias e Marcio Leno Maués
Edição: Secult - FCPTN
Poesia a quatro mentes patrocinada pela Secretaria de Cultura do Pará. Jovens poetas paraenses trazendo à luz a literatura nortista. Poesias de ótima qualidade.
A FRASE DI/VERSA
Preservar a saúde com regras tão severas e uma doença preocupante.
- La Rochefoucauld (Paris 1613 – Idem 1680) filósofo e ensaísta francês.
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DA LAVRA MINHA
AO INOCENTE POETA QUE CHEGA
Enzo Carlo Barrocco
Se quiseres ganhar dinheiro com literatura
Desce do teu cavalo
Que por trás da mata
Um temporal se arma.
Densa e espessa sobre a estrada seca,
A chuva cairá sem tréguas,
Atocaiando os bichos, embuçando os pássaros,
Atrasando teu caminho para casa.
E verás, então, decepcionado e triste,
Que nesse rumo (que não tem mais volta)
Não acharás, sequer,
Uma moeda antiga.