CANÇÃO, FLOR E MORTE

Certo dia cantei a flor,

cantei a chuva negra,

cantei o desespero abraçado a tristeza.

Cantei o sobreviver,o conviver,

cantei, o mais nada crer.

Cantei um cenário assustador,

cantei a cortina da dor,

cantei o pólen da flor.

Cantei o tempo de fadiga,

cantei a flor nascida em Hiroshima...

Cantei o vale sombrio da morte,

cantei seres entregues ao silêncio da sorte.

Como não cantar a flor??

Como não cantar o desencanto, o temor

o alvo escolhido pra dor?

Cantei a inconsciência da sobrevivência

que foi além da incoerência,

cantei a busca insensata da vida

cantei o passo de cada partida,

o olhar de cada despedida.

Como não cantar a flor??

Como não cantar em lamento

vinte mil toneladas de morte?

Que aniquilou o fraco e devorou o forte.

Nagasaki, Hiroshima um mar cantado

de esperanças perdidas cuja flor da morte

fez do amor...feridas.

Nagasaki, Hiroshima, canção que jamais

será esquecida...

SONIA BRUM

Sonia Brum
Enviado por Sonia Brum em 14/12/2013
Reeditado em 14/12/2013
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