CANÇÃO, FLOR E MORTE
Certo dia cantei a flor,
cantei a chuva negra,
cantei o desespero abraçado a tristeza.
Cantei o sobreviver,o conviver,
cantei, o mais nada crer.
Cantei um cenário assustador,
cantei a cortina da dor,
cantei o pólen da flor.
Cantei o tempo de fadiga,
cantei a flor nascida em Hiroshima...
Cantei o vale sombrio da morte,
cantei seres entregues ao silêncio da sorte.
Como não cantar a flor??
Como não cantar o desencanto, o temor
o alvo escolhido pra dor?
Cantei a inconsciência da sobrevivência
que foi além da incoerência,
cantei a busca insensata da vida
cantei o passo de cada partida,
o olhar de cada despedida.
Como não cantar a flor??
Como não cantar em lamento
vinte mil toneladas de morte?
Que aniquilou o fraco e devorou o forte.
Nagasaki, Hiroshima um mar cantado
de esperanças perdidas cuja flor da morte
fez do amor...feridas.
Nagasaki, Hiroshima, canção que jamais
será esquecida...
SONIA BRUM